sábado, 1 de dezembro de 2012 0 comentários

coisas por dizer...



E todas essas coisas que não digo..

E toda essa vida pela frente, onde estão meus amigos?

Estão aqui eu sei, mas onde está o que eu pensei ser?

Eu quero viajar..

Sair por aí pra ter certeza que não o único..

Que não sou o único a sonhar,

O único a amar...

O único a desejar sair por aí ...

Sem rumo, sem destino,

E perceber enfim que em todo lugar há vida...

A vida que eu sonhei ou o sonho que vivi nunca tendo vivido..

Quero ir pra China, pro México, pro Japão, pro Chile!

Quero com certeza pegar aquele avião e fugir de mim.

Talvez assim eu diga as coisas que não digo.
quarta-feira, 14 de novembro de 2012 0 comentários

qualquer dia desses...



... no meio de um mal sucedido planejamento urbano me perco no passado, para variar. Dessa vez foi diferente, ou a diferença também seja inventada na minha mente para cobrir buracos no asfalto da minha vida. Abri o notebook e fiquei vagando na internet e vi algumas fotos e senti novamente alguns abraços e meus dedos ...  Ah esses dedos nervosos por escrever bobagens precipitadas das quais eu sei que posso me arrepender, se perderam no teclado e balbuciaram palavras não pensadas.
E de toda essa utopia de um mundo mais humano, me pego desnudo em tua frente, tentado uma aproximação comigo mesmo, através de você, ou vai ver com a parte de mim que ficou contigo naquilo de você que ficou comigo. Não sei explicar, sinceramente. Apenas sinto e por demais e muito tempo vim trancando meus leões. Deixarei que se vão e então não me desprotejo para me proteger.
Eu fico aqui matutando e tentando insistentemente entender o porquê de tantas coisas mexerem comigo. E dentre tantas outros detalhes, e também entre frases nervosas e frustradas duma tentativa docente, me perco em meus eus cada, um em seu mundo.
E ainda que em mim, neste planeta Terra, mora você que se demora e não se cansa de estar, num programa de TV ou numa mesa chamada de jantar, onde tudo se tem, menos a comida que concretiza aquilo que nos fez sentar. E sentar para que? Para olhar sua cara e ver um misto de coisas que nem sei, ainda que equivocado e inventado de minha mente insana?
E que toda sobremesa seja gelatina com creme de leite, e que todo ovo frito seja feito à madrugada com manteiga de carinho numa porta à beira do caos suburbano dos mundos de outrora, ora criado para nós, ora feitos para nos destruir. E eu não entendo o que em você me fez ficar assim, o quanto de orgulho meu me faz ficar assim, assim como? Assim.. Simplesmente.
Ah, se eu pudesse escrever em textos um coração “dilacerado” pelas coisas que o tempo impõe à vida, e se eu pudesse traduzir sentidos como fazem o especiais. E se todos esses “Ahs” que solto se fizessem revolta, e de toda revolta eu pudesse me virar. De lado, do avesso, do outro lado tentando sacudir o passado em busca de um ideal frustrado, que no minuto certo se faria verdade contente.
Não são coisas difíceis mas são. Ao ponto que saem de mim sem comunicar e me rasgam ao mesmo tempo que me levam pra bem longe... e de tão longe fico perto, de onde eu nem queria, talvez. Perto de você...
Perto dos dias em que ouvíamos a mesma música, e das coisas que você me ensinou, e das coisas que talvez eu tenha ensinado a você e então meus dedos se seguram para que eu não me denuncie. Se controlar para não escrever como foi e porque meu coração se aperta as vezes, imagine você a que ponto cheguei. E sempre me negando, me segurando, me anulando, por causa sempre de algo ou alguém ou ainda alguma coisa. E que o digam as formigas no tapete e tantos outros detalhes que me machucam pela impossibilidade de voltar atrás. As vezes porque não vale a pena, ou por não querer admitir que você já tenha procurado esquecer de tudo isso. E então você se pergunta: isso o que? Eu eu, como sempre, digo: nada.
segunda-feira, 22 de outubro de 2012 0 comentários

domingo, vinte e um de outubro de dois mil e doze


Uma rádio internacional me trouxe aqui pro word e por mais poético que eu tente ser, não passo duma narração mal feita, descrição equivocada. A música? Somebody de Jackson Browne na BOB FM, Santa Rosa, Califórnia. Sim, que bom que inventaram Rádio Online. Tanta coisa e ao mesmo tempo nada para fazer aqui no notebook. Meia noite de domingo e eu numa mesa perto da estrada na frente daqui onde moramos. Sim, me mudei várias vezes e isso é cansativo. As paisagens foram mudando e as sensações também, não sei explicar, só estava afim de escrever minhas bobagens.
Hoje percebi o quão vazio estou. Precisou eu estragar o aniversário de alguém pra eu perceber isso e não sei o que tem me enchido ultimamente, o que tem me completado, me nutrindo, sei lá. Vazio eu tô e de mim não sai mais nada que preste. Ou talvez eu não esteja procurando as coisas certas para me preencher.. e porque também precisaria eu de algo que me preenchesse? E de quanto eu precisaria para me sentir confortavelmente cheio? E se eu transbordasse, que iria aparar as gotas de mim mesmo antes que se vissem jogadas ao chão? Sim, porque se algo me entra se torna mais do mesmo eu, acredito. E se eu secasse ao vento? Quem me iria chover dentro de mim novamente? Mas como eu disse, são apenas minhas bobagens.
Hoje eu me senti vazio. Vazio do tudo que pensei estar me completando. Veja este texto por exemplo. Não sei até que ponto deixei essa coisa de universidade me esvaziar. Acreditem, estou incomodado por o texto não estar justificado. O que eu fiz comigo? Afinal essas letras em arial com espaçamento 1,5 vão me tornar algo especial? Muitas perguntas, nenhuma resposta e nenhuma perspectiva de resposta. Estou vazio do tudo que queria simplesmente ser... porque existir já se faz aos montes por ai, o mundo não precisa de apenas mais uma existência. Vou aqui pela madrugada, ouvindo a BOB FM, onde tocam de tudo e ao vivo, e onde minha mente consegue viajar até o outro hemisfério fazendo-me sentir estranhamente bem antes de lembrar que amanha têm aula.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012 0 comentários

inacabado medieval


Amanhece no vilarejo e já temos que alimentas as galinhas. Peguei um pouco de leite enquanto minha mãe apanhava lenha para o fogo. Talvez comamos um bom leitão, não sei. Os dias tem sido calmos e um pouco de cerveja quente sempre alegra as noites frias de lua nova. É inverno agora e os campos descansam deitados e serenos. Temos alguns grãos no porão, mas não temos certeza se serão suficientes para todo o inverno. Não se tem muito que fazer nessa época e então sentamos à beira da lareira e tecemos longas horas a fio as roupas de nossos esposos e falamos sobre quando a primavera chegar e cuidamos dos animais que sempre precisam de carinho. Não vejo a hora de celebrar o próximo equinócio! O inverno tem um lado bom, mas nossas almas ficam desprotegidas quando a Deusa Mãe fica longe de nós. Ela foi ao submundo trazer de volta o sol... Temos muito medo de ficar sem comida, mas sempre conseguimos atravessar a fase escura do ano e os primos das terras mais ao leste também sempre mandam alguma ajuda. Os teares precisam de reparos e a lenha tem que ser buscada mais uma vez... os guardas reais tem rondado nossas terras. Disso também temos medo, pois nunca se sabe o que eles querem ou a quem procuram. Fuça o fundo de nossa alma alertas ao mínimo sinal de paganismo. No fundo eles têm medo que gente como a gente descubra novas formas de ter poder que não fazendo parte da corte.
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mais um post sem título




Palavras copiadas de um blog e lidas ao som de um vídeo antigo numa manhã pálida nessas bandas de Ilhéus que a televisão teima em fantasiar. Aqui não estamos às maravilhas e os corações andam dilacerados, e nem sempre há um sol que possa nos iluminar o caminho. Sim, uma tristeza enorme me tomou hoje logo pela manha, num assalto à minh ‘alma e eu pensei em você... Você que pensa não ter valido a loucura – e eu não fui o suficiente louco para te valer. Meu coração uma bagunça em meio às obrigações nossas de todos os dias, e eu me perco imaginando um passado que quis existir, póstumo. Não sou bom com as palavras, mas tento me expor em textos assim como o fazes.  Talvez lido, alguém me entenda. E como é engraçada a tristeza.. ela senta ao seu lado e te chama para dançar sua loucura sem ao menos saber se você queria tal bailar. E então aqui estou eu, caminhando em direção à um futuro incerto e distante e confiando que tudo terá um sentido e que depois irei rir de todo esse sofrimento.  Hoje me limito a uma mesa com um telefone. Meu notebook e todas as tralhas tecnológicas daqui que me fazem companhia. A vida ficou sem graça e hoje eu queria me rasgar. Sim, aquela velha sensação de querer se derramar e jogar na sua cara minha angústia assim como você o faria. Angústia da loucura de querer exclusividade e de todo complexo de inferioridade que me faz companhia, também. E em quantas mentiras eu mergulhei, e quantas esperanças eu afoguei, e então me pergunto o que sou e por que ou quem eu existo. E um futuro distante não está sendo mais o bastante para me manter vivo e cada dia é um pouco do agonizar antes da morte, e o quanto eu queria ver outras paisagens... ou admirado por outros olhares. Ah, minha vida.. um verdadeiro segredo de liquidificador nesse mundo secreto onde me trancafiei e ninguém jamais entrou.. nesse “jamais” custoso de dizer, difícil de ouvir, impossível de compreender onde me desfaço e mesmo nos pedaços há centenas de segredos jamais ousados em aparecer.  Talvez se eu continuar comece a falar asneiras, ou quem sabe me transforme em uma.. obrigado a você por me ler ou me ouvir, por tentar, nem que seja por um minuto, me entender. As coisas não estão boas por cá. Estão as coisas boas por aí? Enfim...
quinta-feira, 27 de setembro de 2012 0 comentários

Sim, ele quis voltar


E lá vai ele construindo em sua mente a ideia de um papo que pode dar certo ou não..
Ele toma banho preocupado e chega ao tão esperado destino. Toma um café, titubeia entre uma visita e outra, tenta encontrar a brecha certa para falar e de repente sai.
 Sai da boca dele aquilo que todos temiam. Aquele pedido de socorro que ninguém queria ouvir porque escondem uma verdade podre que não pode ser jogada à mesa.
E então mais podres são seus corações por pensarem estar sendo justos com aquele que sempre quis fazer parte de uma felicidade distante.
Igualmente distante está o seu dedo de onde ele pretende chegar, como num sonho ou algo impossível.
Ele se arrependeu. E quando todas as dúvidas em sua mente se tornaram certeza ele simplesmente se transformou em outro. Ou talvez naquilo que sempre pensavam que ele fosse.
E assim será melhor. Sim. No mínimo serviu para mais uma constatação. Uma entre milhões notadas durante esses anos. 
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Ontem Chorei

Ontem eu chorei... 
E quando você nada pode fazer, você ainda pode chorar.
Se debruçar sobre sua janela e contar aos ventos da pista todas as suas angústias.
Olhar para os carros sem dono e dizer-lhes o que dói a alma.
Sim, ontem chorei...
E na alma eu tô numa jaula sem grades,
No meu corpo eu estou numa grade sem jaulas...
E cada vento que passava levava um pouco de minha história.
Se chorei? Sim, o fiz...
Chorei porque cheia está minha taça,
e os vidros, delas já quebradas, me cortam os pés, cansados.
e mundo se torna pequeno quando penso em sair por aí.
Palavras soltas, ao vento dessas pistas, com rumo a outros universos.
Sim, este não é bastante pra minh'alma, cheia dessa vida, sim, nem tanto cheia, mas, cheia.
E quando sinto que nada posso fazer além de ao destino me entregar,
Eu ainda posso,
Chorar.
quinta-feira, 31 de maio de 2012 0 comentários

noutro lugar que não este



O amarelo do Sol, o Azul do céu e o branco furado da Lua através da janela da biblioteca, que não mais física me trás estranhos sentimentos e certo Dejavu.  Costumo pensar que quando eles acontecem, essa sensação de já ter vivido aquilo, é porque tudo está caminhando como deveria ser e que minhas tantas realidades estão alinhadas e amarradas na pluralidade da quântica.
Hoje eu fui olhar um apartamento onde dividiremos o aluguel,  o Tássio, o Pedro e esse Eu. Subindo as escadas, a mesma sensação me ocorreu e então mais uma vez fiquei a pensar sobre o destino que as coisas parecem querer tomar.  E antes todo bem ou mal estar fossem esses mas antes mesmo de iniciar o dia, ao ler parte de um artigo para minha monografia, percebi, como quem já conhece esse ou aquele sentir, que já o tinha feito, em algum momento ou realidade...
Penso sobre o mestrado ou sobre ficar, não por querer e sim por uma ligeira incapacidade intelectual, talvez.  e é engraçado ficar  olhando aqui da janela... a retina apalpa o alumínio e o vidro se negando a continuar sentindo tudo isso ao ver o conjunto que forma a Lua, o Céu e o Sol.
Estou aqui a meditar sobre lugares, não lugares e lugares virtuais e então fico imaginando os possíveis lugares nos quais eu posso estar dentro de tão pouco tempo... Estar longe da família já me provoca tudo isso, e quem sabe o que eu sentirei longe de meu lugar?  Talvez um outro eu esteja olhando a mesma janela e pensando outras coisas... pensamentos ou não as sensações são incríveis.
Uma nostalgia do que não ocorreu com uma saudade do que não passou e o sofrimento pelo que poderá ser... ser e estar, pensar.. existir!
quarta-feira, 2 de maio de 2012 0 comentários

de quem já viveu [muito] pouco pra quem tem sede de viver


depois de cavalgar por horas numa muriçoca, não fui à uma festa a qual fui convidado...páginas vazias guardavam mistérios nunca imaginados e lá me foram lidos os autos da morte do ícaro, pobre diabo. saindo das costas dela resolvi andar de carro e por um momento me distraí. não lembro se foi com o céu ou com o chão.. só lembro que uma forte luz se aproximou e não demorou eu estava no hospital geral, no leito 2 do quarto 703, cheio de máquinas ao meu redor e no prontuário tinha: coração quebrado e mente deslocada; tempo de recuperação indeterminado. não conseguia me mexer mas tinha uma TV que dava pra assistir.. no new york times os astronomos da NASA anunciavam que tentariam uma viagem tripulada ao lado escuro da lua, a lua velada.. bom, sou amante da filosofia mas o espaço - universo me intriga bastante. fiquei ali, deitado e pensando sobre tudo.. sobre a carencia de um sorriso, sobre a felicidade que um dia me escorreu pelos dedos, sobre meus sonhos.. Ah, meus sonhos. alguém os pisou um dia assim como isso que eu nao sei o que me pisou quando eu estava distraído me trazendo pra esse quarto. semanas a fio e eu estava voltando... agora ja consigo sentar, conversar sem cansar, escrever! pedi à enfermeira um caderno velho e uma caneta mas quando tentei escrever nada saía...lembrei entao que um "amigo" costumava me dizer que os primeiros versos se agarram em nossos dedos se recusando a se transformar em carne. mesmo assim cortei meus dedos e preguei os versos no papel. e isso me fazia lembrar o quão "Inominável é o vazio que assola meu peito, me fazendo proferir palavras que não convinham ser lidas por olhos humanos."  Dias e mais dias se passaram e então recebo liberação para ir para casa. isso nao diz que eu esteja bem, mas que eu posso continuar me recuperando sozinho. ao caminho de casa olhei para o céu e fiquei desnorteado por um momento pela dor de admitir que minha vida, ao contrario da vida de meu "amigo" esta inerte, em coma lá no quarto 703. sem verde, sem chão. daí um tufão de perguntas e sensações me invadiram e eu comecei a questionar todo o real tempo que ali eu estava... será que foram apenas 6 meses? um ano? meu deus meu deus! aonde estavam minhas memórias? o pânico era profundo e o sentimento de vazio ia crescendo "Pois as memórias que hoje me visitam, espetaculosas, são as daquelas noites em que trocei sorrisos e juras naqueles olhos admiradores..." mas tudo isso antes de eu olhar para o maldito chão ou céu naquela estrada que me acidentaram. Estou perdido pois perdi um espaço que não sei se realmente tive, confesso, e nao sei por onde me esgueirar... fico então no nada, eu, a lua, o caderno, o céu e a rua numa rima pobre em prosa sem verso que condena os apaixonados e destrói o "eu" enamorado.
segunda-feira, 9 de abril de 2012 0 comentários

sem titulo

Amanhece e a cama me prende. Sou bombardeado por milhares de sensações e pensamentos e me perco dentro de mim por um segundo, naquele intervalo onde não se está dormindo ou acordado. Nostalgia. O sol, o dia. O chocolate e a raiva.  Essa passada, de cinco anos atrás que ainda me tira a calma e me faz repensar  aquilo que o mundo me obriga a querer ser. E há tantas coisas por querer no espaço que não nos deixa tempo para isso. É viver ou viver ainda que eu o tenha parado de fazer. AH, viver. Tão bobo e tão complexo onde um simples gesto muda todo um destino comprovando assim que o caos existe. Qual contexto nos conecta? Qual conexão faz minha loucura? Tanto quanto desconectado se faz esse pretenso texto dentro de uma sólida, porém muda, realidade, que grita ao ver passarem os anos e nada consegue fazer pra reviver um momento. E talvez a vida não passe de um, ou um e meio. Ou talvez eu te envie um email e não sei se irás responder.. se lesse poderia sentir a então nostalgia do chocolate, ou da raiva, quem sabe, poderia querer, poderia viver. Poderia de repente me entender e então serias mais doce, assim como aquele doce que te dei há cinco anos e continuo dizendo que cinco é um numero bonito de ser dito. Mas o dito pelo não dito continuarei vivendo ou tentando. Me distanciando dos sentimentos à medida que me aprofundo na ciência provando mais uma vez minha falta de talento e sensibilidade para com as coisas do coração. Ou as deixei morrer? Ou fugiram da seca do sertão de meu coração? Seco ou não eu lembro quando sentastes no batente e ficastes com raiva e daí vem a nostalgia. Quero um chocolate. Quero sol na cara. Quero ficar na cama por mais um minuto, ou quem sabe um minuto e meio...
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012 0 comentários

alegrias em migalhas

Dizem que só se valoriza algo quando não se tem mais.. Uns gostam da frase, outros não concordam e no fim tudo não passa d’uma questão de maturidade. Minha vida atual não é plena. Sobrevivo dos restos do que fui um dia.
As manhãs de domingo tinham cheiro de família e o nossa cozinha era o ponto de encontro.  Todos acordavam quase que na mesma hora exceto mainha, que preparava o café. Uns tomavam banho, outros não, outros se abraçavam e outros se estapeavam no sofá por causa de um carrinho quebrado que o outro não queria dar... o sofá, a propósito, era pequeno e isso fazia a gente ficar juntinho toda vez que podia, principalmente nas manhas de Domingo...
Não existia preferência, computador ou sequer uma TV enorme.. A diversão era encontrada no outro e na casa, em cada parede esburacada ou ainda em cada coisa que não tínhamos, lá estava ela e nós nem sabíamos.
E na verdade nem dormíamos. Na noite de sábado cada um se encaixava ao seu modo e assim se virava a madrugada e isso era bom.. O cheirinho de minha mãe, as brincadeiras de meu pai e a companhia de meus irmãos.. e tudo isso me faz tanta falta que esta é mais uma das madrugadas que eu acordo assustado sonhando com a saudade que sobrevive de mim.
E ainda que isso seja um sonho mal escrito, mexe muito comigo. Essa família foi nocauteada pelo destino com e eu nem sei como explicar isso.
Nunca vi tanta loucura, revolta e lágrimas de uma vez só. Eu já tive uma família que eu pudesse chamar de minha. A lembrança é uma faca encravada em meu peito e que ninguém vai tirar porque faz parte de mim.  Hoje eu tenho lembranças que me arrebatam de forma cruel e sufocante àquela realidade, e me fazem sofrer de saudade pelo tempo que se foi e poderia ter sido mais bem vivido.

 
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