quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012 0 comentários

alegrias em migalhas

Dizem que só se valoriza algo quando não se tem mais.. Uns gostam da frase, outros não concordam e no fim tudo não passa d’uma questão de maturidade. Minha vida atual não é plena. Sobrevivo dos restos do que fui um dia.
As manhãs de domingo tinham cheiro de família e o nossa cozinha era o ponto de encontro.  Todos acordavam quase que na mesma hora exceto mainha, que preparava o café. Uns tomavam banho, outros não, outros se abraçavam e outros se estapeavam no sofá por causa de um carrinho quebrado que o outro não queria dar... o sofá, a propósito, era pequeno e isso fazia a gente ficar juntinho toda vez que podia, principalmente nas manhas de Domingo...
Não existia preferência, computador ou sequer uma TV enorme.. A diversão era encontrada no outro e na casa, em cada parede esburacada ou ainda em cada coisa que não tínhamos, lá estava ela e nós nem sabíamos.
E na verdade nem dormíamos. Na noite de sábado cada um se encaixava ao seu modo e assim se virava a madrugada e isso era bom.. O cheirinho de minha mãe, as brincadeiras de meu pai e a companhia de meus irmãos.. e tudo isso me faz tanta falta que esta é mais uma das madrugadas que eu acordo assustado sonhando com a saudade que sobrevive de mim.
E ainda que isso seja um sonho mal escrito, mexe muito comigo. Essa família foi nocauteada pelo destino com e eu nem sei como explicar isso.
Nunca vi tanta loucura, revolta e lágrimas de uma vez só. Eu já tive uma família que eu pudesse chamar de minha. A lembrança é uma faca encravada em meu peito e que ninguém vai tirar porque faz parte de mim.  Hoje eu tenho lembranças que me arrebatam de forma cruel e sufocante àquela realidade, e me fazem sofrer de saudade pelo tempo que se foi e poderia ter sido mais bem vivido.

 
;