terça-feira, 25 de outubro de 2011 1 comentários

5 minutos


Os homens resumem milhões de anos de história em breves livros enquanto eu não consigo descrever em meia página míseros 5 minutos. Antes eram 6 mas era muito, depois pensei em 4 mas já era pouco, então parei nos 5 por ser um número bonito de ser dito. Terminado o tempo combinado descemos de nossos altares e fomos obrigados a pisar o chão que pisa a ralé. Um breve fenômeno meteorológico me impediu de seguir a diante e então esperei, e já nos primeiros segundos daqueles 5 minutos algo incomodava meu coração. Sim, eu tenho um. Um pouco antes desses segundos iniciais nos abraçamos amistosamente e então eu olhava os pingos caírem no chão morto e pensava na besteira que eu iria fazer se saísse daquele local sem ao menos te abraçar com intenção. E então o fiz. Despi-me de todos os pesos que me prendiam àquela porta e, aguardando tua aprovação, fui ao seu encontro. Foram os 4 minutos e poucos segundos mais interessantes de toda a minha existência. Foi nesse momento que as engrenagens pararam e foi alí onde eu me vi inocente e ao mesmo tempo cheio de culpa. Eu te abracei, senti seu cheiro e me assustei quando olhei teus olhos e neles pude ver sua alma e ela não tinha chão. Eu não sabia onde eu podia segurar mas também não tinha certeza se eu estava caindo ou flutuando pois só me lembro quando você puxou meu braço com força e me tirou de onde eu não deveria ter entrado. Fui expulso de dentro de você como se expulsa uma praga da lavoura e antes todo mal fosse esse porque nesses segundos que se aproximavam dos 5 minutos você deixou algo em mim que cresceu e me fez perder o controle. Esse é o fato. Já entreguei os pontos mesmo disposto a costura-los novamente se for necessário. No fundo e na verdade nada disso teria acontecido e então eu não estaria desse jeito. Foi tudo culpa do tempo, de todos os sentidos possíveis. Se não estivesse chovido eu não esperaria a chuva passar e estaria a caminho de casa ao invés de estar em seus braços. Se você não tivesse me olhado daquele jeito eu não estaria inquieto na companhia de terceiros esperando a chuva passar. Protelo em palavras nos 5 minutos mais longos de minha vida na tentativa de conseguir matar você dentro de mim pois sei que há muito estou morto pra você, como algo que não existiu, algo que não teve importância, naqueles breves e eternos 5 minutos. Preciso me molhar... ou comprar um guarda-chuva!
segunda-feira, 24 de outubro de 2011 2 comentários

pensamentos utópicos

Falta de ar e aperto no peito são as sensações que me acompanham já faz alguns dias... Sentado estou e assim fico tentando encontrar dentro de minha mente uma solução para que eu não sinta saudades de você e então percebo que não há solução porque não foi eu quem jogou você dentro de mim e sim você quem veio morar em mim como quando um poceiro encontra terras longínquas. Dentre as obrigações que comumente tenho está você, num telefone celular ou na frente de um PC não consigo conter a agonia que dilacera meu peito quando lembro que poucos minutos foram suficientes para provocar um grande estrago em mim – como a terra que recebe um furacão por causa do vôo de uma borboleta. Talvez seja mais uma ironia do destino querendo provar que a teoria do caos realmente existe e vive como uma praga entre nós, meros mortais viventes. O que antes me fazia sorrir já não faz mais e meus olhos já não encontram razão para olhar o por do sol porque o próprio sol se recusa a aparecer. Devagar a noite cai, mas parece que nada acontece porque habito o abismo eterno e não há quem me dê a mão e se houve algum dia, me perdoe, eu não percebi.  Não sei ao certo ainda se tudo isso é bom ou ruim, pois há muito tempo eu não me sentia assim, vivo mesmo que me matando. Quando paro pra pensar como estou fazendo agora a única palavra que invade minha visão é “por que” seguida de um monte de “se’s”. Eu poderia enumerar a quantidade deles mas já estou exausto e o farei em outro momento. Por enquanto são apenas coisas para se pensar, pois ainda, aparentemente, nada se pode fazer, ou não consigo fazer, ou não me deixam fazer... e então para mim tudo não passa de uma idéia do que poderia ser, que se confunde com as loucuras de Platão, totalmente utópicos – esses pensamentos.
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mais um conto utópico


Meus olhos estavam fechados, mas eu podia ver por entre as pálpebras daquela quase meia noite do dia passado. Eu estava dormindo e ao mesmo tempo acordado  Meu coração revolto tomou sua imagem e transformou em movimentos, gestos e sons e não houve outra pessoa em mim que não fosse você. Imaginei cada passo seu em minha direção, pois perigoso é o momento em que um pé ultrapassa o outro na tentativa de nos manter em pé.  Depois de te deixar exausto com minhas palavras o mar invadiu  a cena onde antes era um hotel, e as portas cuidadosamente enumeradas se transformaram em ondas soltas e entregues aos caprichos do destino.  Eu já não sabia mais em que grão de areia você estaria ou talvez e na verdade eu não sabia em qual grão de areia eu estaria. Estou preso nesse mar com seu sal que nada perdoa e preciso me encontrar. Talvez eu seja levado pra casa por alguém que faça artesanato ou talvez eu vá parar nas solas e algum chinelo velho de pescador; logo eu, grão de areia. Me aceitando como pequeno posso entender o porque das jangadas voltarem sempre antes do por do sol quando na verdade o que eu preciso entender é que eu sou um grão de areia. Agora perdido não sei o que sentir quando lembre do breve momento que me senti gente e passeava por portas enumeradas  onde tudo era novo e velho, onde realidades diferentes se encontraram e uma mostrou à outra o porque elas devem se separar.  Aquelas mesmas ondas me jogam contra as pedras e cada golpe me lembra de quando fui gente, e me lembram de como foi bom olhar nos teus  olhos naquela fração de segundos onde as engrenagens de  todo o universo travavam e só existia a distancia entre nossas bocas. E quão distante está o caminho para seu coração e eu, grão de areia, agora de um deserto, não imaginei tamanha distancia. Agora o que era mar virou miragem. Posso imaginar um oásis mas sei que não é verdadeiro. Os ventos sempre sopram por essas bandas de vez em quando e por mais que eu lute contra vou esperar você ser soprado pra cá com os ventos daquele segundo cenário. As palavras agora vão se perdendo. Estou sentindo que estou te perdendo; não porque o tive mas porque não consigo caminhas nesse deserto. Minha memoria começa a falhar. Tá tudo embaçado... e eu grão de areia nos olhos fechados de alguém deitado imaginando tudo isso.
sexta-feira, 21 de outubro de 2011 0 comentários

sem nome


Não sei o nome que vou dar e prefiro nem nomear já que é tão bom e ao mesmo tempo ruim;
Começou quando menos se esperou  (esperando sempre)
Nada de comunal, nada estranho e não houve explosões...
Uma dúvida e um golpe do destino . o que nem tinha nascido começou a morrer
Como um círculo incompleto na escuridão de nossos corações
Alguma coisa ficou estranha. Talvez tenha sido eu, talvez você.
Não sei em que estado devo ficar, tanto de espírito quanto de lugar;
Vou vagando pelos espaços vazios em mim na esperança de me esbarrar em algo que eu não saberei o que é porque está escuro.
Pode der eu, pode ser você, quem sabe?
Nunca mais eu tinha passado por esses altos e baixos,
Nunca mais eu tinha desejado como desejei.. ah, e como imaginei o que não podia ser imaginado.
E agora só existem lágrimas batendo às portas dos meus olhos..
O que eu sou pra você? (e tenho medo de você nem ter existido)
sexta-feira, 16 de setembro de 2011 0 comentários

tributo à falsidade


Falsidade! Quanto do teu veneno jaz nas presas das serpentes? Ou levas tão a sério teu nome enganando até a pior das víboras? Estendeste uma mão com um sorriso e na outra empunhava uma lâmina sutil que se desesperava enquanto não sentia o derramar do sangue quente sob costas inocentes até que este pobre diabo desse o último suspiro.
Bela e doce falsidade, que nesta prosa aparece em perfeição e com graça abate a presa desatenta; que pousou em minha tenda e se fartou em meu banquete. Que tentou contra minha vida destilando numa taça sua vingança, por não ter o que desejas pois o nada não te quer e o vazio te despreza.
Seu amor é morto e seu ventre estéril. Tua boca sangra e suas palavras fogem de ti pelo medo de serem maculadas por tua essência doentia. Pobre alma incapaz de ser amada pelo nada que sempre foi. E se traz uma bagagem essa é de ilusões onde tudo daria certo e não dá, onde toda luta é vã sem durar e qualquer alegria atrofia antes mesmo de reinar.

Vitoriosa falsidade! Que enxuga meu pranto e acalenta minh’alma com suaves pequenas palavras. Linda arte de manipular sem medo; o dom de iludir e olho-no-olho olhar me fazendo acreditar que sinceridade não é coisa rara – mas é sim sinhô!
Dias contados são os seus oh eterna falsidade, não por mim nem por suas costas largas; O tempo sempre responde a tudo!
quinta-feira, 8 de setembro de 2011 0 comentários

sobre diários eletrônicos

Dentre tantos acontecimento e ilusões que já surgiram utópicas, uma certeza: nunca mais lerei blogs! (ou pelo menos tentarei não faê-lo, principalmente no momentos de tristeza. Eu me encanto , me iludo  e me faço perder dentre verdades jogadas, ao vento? Não! Na rede... nesta rede onde todos pensam, estar não estando, criando a ilusória sensação de companhia. Hoje foi a ultima vez (eu acho e acredito) que eu li um blog.. e nele estavam escritas coisas de amor e de eterna e louca paixão, coisas de romance e de perfeição, coisas que há muito tempo não vivo de fato! Sim, confesso. Não vivo e amaria viver e antes todo mal de uma sentença fosse esse “ria” que dá um gostinho de que “quase foi” sem ter ido. Mas porque não foi? Foi culpa minha? Sua? De quem?  To no escuro e nada vejo...apenas ouço o barulho do mar que me chama pra lutar novamente por tudo aquilo que me deixa vivo de verdade e não apenas existindo.
Cada passo que dou vou observando corpos, olhos, mãos e cada um me diz uma coisa diferente.. qual ouvir? O que o destino me reserva? Ou o que estou preparando como destino? É eu ou ele? Como será? Pensar demais, agir de menos e ver os anos passarem como em “carolina” do Caetano... como fugir disso? Ou como deixar isso ir sem remorso? Sinto que falta um pouco de organização.. lá em casa e dentro de mim! Lá eu sei quem pode arrumar mas e aqui dentro? Quem se atreve? Não tenho tido saco pra escrever... já fui muito bom nisso e a ciência já não é mais culpa de eu estar frio..  vou parando enquanto não leio mais sobre amores e paixões..
terça-feira, 30 de agosto de 2011 0 comentários

e agora?


Através de um âmbar eu pude ver o passado e o futuro sangrando meus olhos como sangra a seiva que o faz das velhas e cansadas árvores do nosso planeta igualmente exausto do nosso comportamento.
Exausto estou! Eu vazo de mim mesmo e não sei pra onde escorro. Seria sorte se eu virasse âmbar... A saudade me corrói e as mágoas me destroem. Mágoas Pelo que fiz, pelo que estou fazendo e pelo que deixei de fazer e então aquele “se eu pudesse voltar atrás” é a única frase que me faz companhia, arrasando mais ainda meu coração quando percebo que isso não passa de ilusão, ou quem sabe a verdadeira utopia.
Indecisão é meu nome e não é qualquer música que me acalma. Não é qualquer soverte que me satisfaz e não é qualquer pessoa que me completa.
“a força do beijo, por mais que vadia, já não sacia mais”
To sem tempo, sem grana e sem força.
quinta-feira, 11 de agosto de 2011 0 comentários

era uma vez num sonho...


Estávamos  você e eu andando em alguma rua da cidade aqui a procura de pincéis pra algum tipo de pintura.. A sensação do óbvio da compra desses pincéis foi me faltando aos poucos como se eu soubesse de fato pra que era os pincéis e de repente eu já não fazia a mínima idéia pra que aquilo, mas até então não manifestei surpresa pois estava com você  e então pra mim tava tudo bem...
Chegamos em casa, era uma casa um pouco maior que a atual de um verde mais escuro com os móveis dispostos junto a parede tendo o efeito de um corredor largo com uma mesinha e uma prateleira até o acesso ao quarto que era parecido com o atual só que quase o dobro.
Eu olhava pra prateleira e via cada coisa legal, mas ficava na minha.. é como se eu soubesse e não soubesse ao mesmo tempo o que era aquilo tudo e pra que servia mas era nossa casa e eu estava com você e então estava tudo bem...
Eu lembro que ainda perguntei pra você o que iríamos pintar e você disse:
- Oxe amor, ta besta é? Esqueceu das plaquinhas eletrônicas que nos encomendaram..? Essa é assim ó.. ai pegou e me explicou....  era um quadrado de mais ou menos  8 x 8  cm com pequenas quadriculas e as bordas desse quadrado vinha já com uma espécie de tinta preta ou alguma cor escura e então nós dobrávamos essas partes escuras e você me ensinava, com desdém pois já havia me ensinado, que primeiro pegava  umas gotas de tinta colorida tipo arco-íris bebê e jogava no quadrado e então as próprias quadriculas iam se ajeitando como num toque mágico da então famosa nanotecnologia... eram plaquinhas bio digitais, tinta e quadriculas HP e então você disse, vamos deixar isso pra depois...
A gente desceu a ladeira e eu estava perguntando a você onde que estava  meu mapa da aula de cartografia e você me perguntou se eu estava tirando onda com a sua cara .. que tinha um bom tempo que eu não estudava cartografia e que eu estava quase me formando só que eu não lembrava de nada disso e a sensação só piorando me deixando com o peito apertado e angustiado... e então eu pensei na idiotice da possibilidade de eu ter vivido tudo isso e me esquecido ou não sei como eu pulei pra frente três anos de minhas história... eu não vi calendários no sonho mas a sensação era de três anos pra frente... e então minha avó entrou na nossa casa fumou um cigarro sentada e eu tentando me acalmar fui dando uma de Zé e perguntei cadê os meninos de Cléa... ai ela disse que estavam em Itabuna estudando e ai lá vem você com uma foto de Letícia enorme eu ia ficando mais apavorado... e eu perguntei sobre Lucimara e ela disse que Luka tinha deixando o filho com urandi e tinha ido trabalhar e minha convicção era de lembrar de Lucimara quando tinha ficado grávida e então eu tinha a certeza  de que aquilo não estava certo e que eu estava certo e estava querendo chorar.. já sentindo a situação perguntei cadê mainha... ela ainda brincou com você..  – Dê um remédio a ele que ele não está bem não...
Minino sua mãe está em casa... ( quando eu disse que ia ligar pra mainha vir na minha casa minha avó continuou) ... Henrique você está de palhaçada é? Minino tua mão não consegue andar não você esqueceu  foi? Ai eu comecei a chorar e uma sensação tão ruim o coração tão apertado quando tive plena certeza de que de alguma maneira eu não tinha vivido os últimos três anos de minha vida... e só voltava agora..( mas quem estaria no meu lugar senão eu mesmo) e chorando perguntei por meu irmão... e ainda disse:  _ minha avó cadê o gordinho..?
Pareceu por um minuto que ela levou a sério como se eu tivesse esquecido as coisas e disse:
_ Seu irmão morreu rapaz já tem um 7 meses... ele estava trabalhando com o sogro e eles sempre andavam atrás de pedras e ai ele brincava, venha pedra minha, venha pedra minha.. e um dia  um cascalho bateu nele....Henrique você está me fazendo de idiota é? Ei, você, leva ele no médico pra ver o que ouve..  mas eu sabia que aquela não era minha realidade.. achava impossível eu apagar da época que vivo pra três anos pra frente.. e as coisas até na minha casa estavam um tanto tecnológicas e eu me desesperando e chorando fui pegar um quadradinho pra pintar....
domingo, 7 de agosto de 2011 0 comentários

a toda frase serei atento


Uma frase foi o suficiente para que eu enxergasse o abismo que me espera... Umas poucas palavras capazes de traduzir em agonia toda a esperança que em ti depositei.  Como num ultimo suspiro contemplei aquelas letras que pulsavam em meus ouvidos num estranho tempo verbal,  e ao remoê-las  em minha boca meu corpo se entregou ao seu destino, pálido e morto.

Uma frase foi o suficiente para que a vida em sua face mais imunda esfregasse em minha cara tudo que eu te disse igualmente em forma de frases, porém cuidadosamente conjugadas. Como num jogo de cartas pude sentir que as letras imitavam os números e se escondiam entre dedos culpados temendo ser contadas e então revelado seu mandante.
Uma frase foi o suficiente para que eu rompesse as engrenagens do universo e permitisse que o mundo completasse sua volta, que tão cheio de si se circunda num movimento frenético e esquizofrênico. Como na aurora boreal onde a beleza se resume à luta diária dessa volta por um pouco de dignidade.

Pensei, olhei e ouvi e no alto da suficiência percebi o quanto fomos e o quanto queremos ser; se chegaremos lá ou se apenas seremos uma frase mal conjugada com reticencias e cheia de imperfeição onde todo o pretérito rodeia.


 
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