Sim, amo Hora de Aventura e vejo nele
muito sentido em relação à natureza mesma do mundo e das coisas. Não conheço
muito sobre o criador, mas diria que aquela mente é brilhante. Ou então e
ainda, como eu sempre pensei em relação aos grandes mestres da história da
humanidade: talvez ele nem tenha consciência do que estavam fazendo, produzindo
ou inventando quando criou Hora de Aventura e nós, com outra maneira de
apropriação das ideias das coisas do mundo, ressignificamos essas coisas pela
escavação dos sentidos que elas podem nos doar até a sua consumação.
Bom, o episódio que me chama a
atenção, dentre todos os outros que sempre me chamam a atenção, é o de número
17 da quinta temporada com título, “BMO perdido”. Esse episódio <3 (^^v). Mais
especificamente no episódio BMO está perdido e quer voltar para a casa da
árvore. No meio do caminho BMO encontra alguns acompanhantes para a sua
jornada. Uma delas é uma bolha, pela qual BMO se apaixona. Todos tinham o mesmo
desejo de voltar para casa, mas a bolha dizia estar a tanto tempo perdida que
não sabia mais como era sua casa, não conseguia se lembrar de absolutamente
qualquer coisa. BMO prometeu ajuda-lo a voltar e no clima da paixão decidiram
se casar. Foi quando BMO encontrou a casa da árvore e bateu na porta pra Finn
ou Jake atenderem. Esperavam um ao lado do outro quando Jake abriu a porta e
completamente ignorante do que estava acontecendo exclamou: olha! Uma bolha! E
estourou. BMO ficou revoltado e triste sem saber o que ia fazer já que queria
se casar com o bolha. Quando ele pensou que o bolha estava morto sua voz ecoou
dentro de sua cabeça pedindo calma, pois ele estava ali, em todo lugar e estava
tudo bem. Ele se lembrou quem era. Era o ar e estava preso naquela bolha por
muito tempo, mas que agora poderia estar com BMO onde quer que ele esteja, dia
e noite, a todo momento para sempre.
Qual a meditação? É que eu fiquei
pensando muito sobre o fato de o ar pensar ser uma bolha enquanto estava
aprisionado na película de uma bolha e depois de voltar à sua casa, se lembrar
quem é e querer a sua natureza. Daí fiquei pensando sobre espíritos,
consciência, sobre alma, sobre vida. Sobre isso que anima a matéria de alguma
maneira que não o mero movimento mecânico orgânico-químico da materialidade.
Mas ainda não sei se chamo de espírito ou consciência. Mas vamos lá.
Que é isso que anima nossa
materialidade? Acredito que a consciência seja algo universal. Quem sabe, até
um estado da matéria, desconhecido pela nossa limitação cognitiva e não
necessariamente tecnológica. Talvez não alcancemos tais intelecções em suas
maneiras de existência intuitiva. Nesse sentido, acredito que o corpo como
conhecemos junto com o que chamamos de alma é a película mesma que abriga um
pouco da consciência que foi trazida nesse mundo e é de certa maneira, à
revelia, obrigada a passar pelas experiências dessa materialidade mesma. Ao
ponto de esquecer de sua casa por estar cada vez mais longe de suas origens. É
assim que esquecemos dos valores de consciência que deveríamos cultivar. Daí
pensei que na verdade somos isso que era o bolha. Somos essa consciência
universal que é “aprisionada” neste corpo e vive essas experiências. Depois o
destino nos estoura e voltamos a compor a consciência universal a que tudo
preenche e à qual tudo pertence. Ainda fiquei pensando sobre os tipos de morte
ou de evolução pessoal no sentido sobre o estado de sua película no decorrer da
vida.. Como assim o estado da película? Quanto mais firme, mais difícil de
estourar.
Quanto mais frágil, mais fácil. Mas ainda pensei sore pessoas idosas
que tem o mesmo discurso como se fosse uma nostalgia metafísica sobre a origem
de suas consciências. Vi isso em minha bisavó antes de partir e vi isso com a
Vozinha do Youtube. Engraçado que o que a ciência moderna faz é destruir a
beleza das coisas dizendo ser apenas um mal de Alzheimer ou algo do tipo. Eu
digo que não. Não é nada disso. É o não reconhecimento mais desse mundo em
detrimento do universo que chama pela fragilidade da substância mesma que nos
mantém aqui enquanto consciências espirituais. O que essas pessoas de mais
idade têm em comum? Elas não reconhecem suas casas como sendo casa e pegam as
trouxas e saem na rua dizendo estarem indo para casa. Mas perguntamos: que
casa? Se essa é a casa.. à qual casa elas se referem?
Nisso ninguém para pra pensar
e então dizem que eles estão “caducos”. Uma violência é não considerar a
sabedoria de consciências estiveram entre nós por tanto tempo. Elas querem ir
pra casa porque sentem que a consciência maior as chamam. Que não fazem mais
parte do mundo e que já não há muito sentido estarem ali. Querem ir para casa.
Querem ser estouradas como bolhas. Querem ser reintegradas à consciência
universal. Como o bolha voltou a ser ar.
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