quinta-feira, 3 de outubro de 2013 0 comentários

o meio, o dia e você


Você está deitado. Abre o olho e observa. Você está respirando. Você está vivo  e pode tocar tudo à sua volta. Você levanta e então a luz bombardeia teus olhos. Os odores impregnam tuas narinas, a existência se crava em tua alma na consciência de si mesmo e do mundo. Você enfim acorda. Você precisa comer e se livrar do suor da madrugada então você levanta e se dá conta também do seu corpo. Coloca uma roupa qualquer e anda até a porta de saída da casa que não é sua. Daí você se pergunta: O que é meu? Roda a maçaneta e se prepara para encarar um pedaço de asfalto, três faróis e muitos rostos desconhecidos e sonolentos. O que são todos esses carros e todas essas pessoas mal-humoradas? Você segue seu caminho. Pisoteia passeios sagrados com os pés que outrora macularam seu espírito e segue. Você está vendo, sentindo o vento, respirando, andando. Você gosta do que vê e abomina outras visões. Você coloca os fones de ouvido e insistentemente atualiza sua página do facebook. Você se pega na espera, se surpreende no aguardar e então volta seu olhar à frente. Tiago Iorc balbucia seu alaúde atraindo do fundo de sua existência àquilo que você mais temia que aparecesse. Você segue, ouvindo e vendo e andando e respirando e então você é sugado. Entra em seu santuário e suas obrigações diárias te trazem de volta à um mundo conhecido, porém esquecido e ignorado durante o sono. Você insistentemente atualiza sua página do facebook. Você se pega na espera e cansa. O relógio de hoje brinca com seu coração e perturba a calmaria de ontem. Você vai novamente pra rua. Você ouve as buzinas e perguntar por que estão umas chamando as outras? Você se perde. Você se encontra. Você olha em volta e procura um sentido. Sentido para o céu azul, para a fumaça dos carros, para seu coração. Você quer entender o que significa tudo ao mesmo tempo que quer ficar na dúvida pela decepção que pode ser abrigar uma certeza. Você não consegue entender e levemente se desespera. Você fica insatisfeito e se alegra novamente. A todo momento você lembra a você mesmo quem você é e o por que de você estar ali. Os seus eus se conversam e entram num acordo. Você insistentemente atualiza sua página do facebook. Você se pega na espera.. Está tudo bem, calma! Você está bem e nada está fora do lugar. Você procura um sentido, ainda assim. Algo não está certo, você sabe disso. Mas nada está errado, então, o que há? Você não sabe e decide não querer saber. Você fecha os olhos e segue. Você existe. Você precisa continuar. Você volta para a casa que não é sua e se pergunta novamente: o que é meu? Você não sabe exatamente o que fazer depois de se fechar em seu casulo. Você se livra mais uma vez do suor e deita. Você insistentemente atualiza sua página do facebook. Você se pega na espera.. Você fecha seus olhos e sente. Você já não consegue ver e apenas sente. Você vai deixando de se perguntar, você vai encontrando o sentido. Você deixa de perceber. Você deixa de existir até que a próxima luz bombardeie novamente seus olhos e o ciclo eterno se repita. 

 
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