quinta-feira, 31 de maio de 2012 0 comentários

noutro lugar que não este



O amarelo do Sol, o Azul do céu e o branco furado da Lua através da janela da biblioteca, que não mais física me trás estranhos sentimentos e certo Dejavu.  Costumo pensar que quando eles acontecem, essa sensação de já ter vivido aquilo, é porque tudo está caminhando como deveria ser e que minhas tantas realidades estão alinhadas e amarradas na pluralidade da quântica.
Hoje eu fui olhar um apartamento onde dividiremos o aluguel,  o Tássio, o Pedro e esse Eu. Subindo as escadas, a mesma sensação me ocorreu e então mais uma vez fiquei a pensar sobre o destino que as coisas parecem querer tomar.  E antes todo bem ou mal estar fossem esses mas antes mesmo de iniciar o dia, ao ler parte de um artigo para minha monografia, percebi, como quem já conhece esse ou aquele sentir, que já o tinha feito, em algum momento ou realidade...
Penso sobre o mestrado ou sobre ficar, não por querer e sim por uma ligeira incapacidade intelectual, talvez.  e é engraçado ficar  olhando aqui da janela... a retina apalpa o alumínio e o vidro se negando a continuar sentindo tudo isso ao ver o conjunto que forma a Lua, o Céu e o Sol.
Estou aqui a meditar sobre lugares, não lugares e lugares virtuais e então fico imaginando os possíveis lugares nos quais eu posso estar dentro de tão pouco tempo... Estar longe da família já me provoca tudo isso, e quem sabe o que eu sentirei longe de meu lugar?  Talvez um outro eu esteja olhando a mesma janela e pensando outras coisas... pensamentos ou não as sensações são incríveis.
Uma nostalgia do que não ocorreu com uma saudade do que não passou e o sofrimento pelo que poderá ser... ser e estar, pensar.. existir!
quarta-feira, 2 de maio de 2012 0 comentários

de quem já viveu [muito] pouco pra quem tem sede de viver


depois de cavalgar por horas numa muriçoca, não fui à uma festa a qual fui convidado...páginas vazias guardavam mistérios nunca imaginados e lá me foram lidos os autos da morte do ícaro, pobre diabo. saindo das costas dela resolvi andar de carro e por um momento me distraí. não lembro se foi com o céu ou com o chão.. só lembro que uma forte luz se aproximou e não demorou eu estava no hospital geral, no leito 2 do quarto 703, cheio de máquinas ao meu redor e no prontuário tinha: coração quebrado e mente deslocada; tempo de recuperação indeterminado. não conseguia me mexer mas tinha uma TV que dava pra assistir.. no new york times os astronomos da NASA anunciavam que tentariam uma viagem tripulada ao lado escuro da lua, a lua velada.. bom, sou amante da filosofia mas o espaço - universo me intriga bastante. fiquei ali, deitado e pensando sobre tudo.. sobre a carencia de um sorriso, sobre a felicidade que um dia me escorreu pelos dedos, sobre meus sonhos.. Ah, meus sonhos. alguém os pisou um dia assim como isso que eu nao sei o que me pisou quando eu estava distraído me trazendo pra esse quarto. semanas a fio e eu estava voltando... agora ja consigo sentar, conversar sem cansar, escrever! pedi à enfermeira um caderno velho e uma caneta mas quando tentei escrever nada saía...lembrei entao que um "amigo" costumava me dizer que os primeiros versos se agarram em nossos dedos se recusando a se transformar em carne. mesmo assim cortei meus dedos e preguei os versos no papel. e isso me fazia lembrar o quão "Inominável é o vazio que assola meu peito, me fazendo proferir palavras que não convinham ser lidas por olhos humanos."  Dias e mais dias se passaram e então recebo liberação para ir para casa. isso nao diz que eu esteja bem, mas que eu posso continuar me recuperando sozinho. ao caminho de casa olhei para o céu e fiquei desnorteado por um momento pela dor de admitir que minha vida, ao contrario da vida de meu "amigo" esta inerte, em coma lá no quarto 703. sem verde, sem chão. daí um tufão de perguntas e sensações me invadiram e eu comecei a questionar todo o real tempo que ali eu estava... será que foram apenas 6 meses? um ano? meu deus meu deus! aonde estavam minhas memórias? o pânico era profundo e o sentimento de vazio ia crescendo "Pois as memórias que hoje me visitam, espetaculosas, são as daquelas noites em que trocei sorrisos e juras naqueles olhos admiradores..." mas tudo isso antes de eu olhar para o maldito chão ou céu naquela estrada que me acidentaram. Estou perdido pois perdi um espaço que não sei se realmente tive, confesso, e nao sei por onde me esgueirar... fico então no nada, eu, a lua, o caderno, o céu e a rua numa rima pobre em prosa sem verso que condena os apaixonados e destrói o "eu" enamorado.
 
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