terça-feira, 30 de agosto de 2011 0 comentários

e agora?


Através de um âmbar eu pude ver o passado e o futuro sangrando meus olhos como sangra a seiva que o faz das velhas e cansadas árvores do nosso planeta igualmente exausto do nosso comportamento.
Exausto estou! Eu vazo de mim mesmo e não sei pra onde escorro. Seria sorte se eu virasse âmbar... A saudade me corrói e as mágoas me destroem. Mágoas Pelo que fiz, pelo que estou fazendo e pelo que deixei de fazer e então aquele “se eu pudesse voltar atrás” é a única frase que me faz companhia, arrasando mais ainda meu coração quando percebo que isso não passa de ilusão, ou quem sabe a verdadeira utopia.
Indecisão é meu nome e não é qualquer música que me acalma. Não é qualquer soverte que me satisfaz e não é qualquer pessoa que me completa.
“a força do beijo, por mais que vadia, já não sacia mais”
To sem tempo, sem grana e sem força.
quinta-feira, 11 de agosto de 2011 0 comentários

era uma vez num sonho...


Estávamos  você e eu andando em alguma rua da cidade aqui a procura de pincéis pra algum tipo de pintura.. A sensação do óbvio da compra desses pincéis foi me faltando aos poucos como se eu soubesse de fato pra que era os pincéis e de repente eu já não fazia a mínima idéia pra que aquilo, mas até então não manifestei surpresa pois estava com você  e então pra mim tava tudo bem...
Chegamos em casa, era uma casa um pouco maior que a atual de um verde mais escuro com os móveis dispostos junto a parede tendo o efeito de um corredor largo com uma mesinha e uma prateleira até o acesso ao quarto que era parecido com o atual só que quase o dobro.
Eu olhava pra prateleira e via cada coisa legal, mas ficava na minha.. é como se eu soubesse e não soubesse ao mesmo tempo o que era aquilo tudo e pra que servia mas era nossa casa e eu estava com você e então estava tudo bem...
Eu lembro que ainda perguntei pra você o que iríamos pintar e você disse:
- Oxe amor, ta besta é? Esqueceu das plaquinhas eletrônicas que nos encomendaram..? Essa é assim ó.. ai pegou e me explicou....  era um quadrado de mais ou menos  8 x 8  cm com pequenas quadriculas e as bordas desse quadrado vinha já com uma espécie de tinta preta ou alguma cor escura e então nós dobrávamos essas partes escuras e você me ensinava, com desdém pois já havia me ensinado, que primeiro pegava  umas gotas de tinta colorida tipo arco-íris bebê e jogava no quadrado e então as próprias quadriculas iam se ajeitando como num toque mágico da então famosa nanotecnologia... eram plaquinhas bio digitais, tinta e quadriculas HP e então você disse, vamos deixar isso pra depois...
A gente desceu a ladeira e eu estava perguntando a você onde que estava  meu mapa da aula de cartografia e você me perguntou se eu estava tirando onda com a sua cara .. que tinha um bom tempo que eu não estudava cartografia e que eu estava quase me formando só que eu não lembrava de nada disso e a sensação só piorando me deixando com o peito apertado e angustiado... e então eu pensei na idiotice da possibilidade de eu ter vivido tudo isso e me esquecido ou não sei como eu pulei pra frente três anos de minhas história... eu não vi calendários no sonho mas a sensação era de três anos pra frente... e então minha avó entrou na nossa casa fumou um cigarro sentada e eu tentando me acalmar fui dando uma de Zé e perguntei cadê os meninos de Cléa... ai ela disse que estavam em Itabuna estudando e ai lá vem você com uma foto de Letícia enorme eu ia ficando mais apavorado... e eu perguntei sobre Lucimara e ela disse que Luka tinha deixando o filho com urandi e tinha ido trabalhar e minha convicção era de lembrar de Lucimara quando tinha ficado grávida e então eu tinha a certeza  de que aquilo não estava certo e que eu estava certo e estava querendo chorar.. já sentindo a situação perguntei cadê mainha... ela ainda brincou com você..  – Dê um remédio a ele que ele não está bem não...
Minino sua mãe está em casa... ( quando eu disse que ia ligar pra mainha vir na minha casa minha avó continuou) ... Henrique você está de palhaçada é? Minino tua mão não consegue andar não você esqueceu  foi? Ai eu comecei a chorar e uma sensação tão ruim o coração tão apertado quando tive plena certeza de que de alguma maneira eu não tinha vivido os últimos três anos de minha vida... e só voltava agora..( mas quem estaria no meu lugar senão eu mesmo) e chorando perguntei por meu irmão... e ainda disse:  _ minha avó cadê o gordinho..?
Pareceu por um minuto que ela levou a sério como se eu tivesse esquecido as coisas e disse:
_ Seu irmão morreu rapaz já tem um 7 meses... ele estava trabalhando com o sogro e eles sempre andavam atrás de pedras e ai ele brincava, venha pedra minha, venha pedra minha.. e um dia  um cascalho bateu nele....Henrique você está me fazendo de idiota é? Ei, você, leva ele no médico pra ver o que ouve..  mas eu sabia que aquela não era minha realidade.. achava impossível eu apagar da época que vivo pra três anos pra frente.. e as coisas até na minha casa estavam um tanto tecnológicas e eu me desesperando e chorando fui pegar um quadradinho pra pintar....
domingo, 7 de agosto de 2011 0 comentários

a toda frase serei atento


Uma frase foi o suficiente para que eu enxergasse o abismo que me espera... Umas poucas palavras capazes de traduzir em agonia toda a esperança que em ti depositei.  Como num ultimo suspiro contemplei aquelas letras que pulsavam em meus ouvidos num estranho tempo verbal,  e ao remoê-las  em minha boca meu corpo se entregou ao seu destino, pálido e morto.

Uma frase foi o suficiente para que a vida em sua face mais imunda esfregasse em minha cara tudo que eu te disse igualmente em forma de frases, porém cuidadosamente conjugadas. Como num jogo de cartas pude sentir que as letras imitavam os números e se escondiam entre dedos culpados temendo ser contadas e então revelado seu mandante.
Uma frase foi o suficiente para que eu rompesse as engrenagens do universo e permitisse que o mundo completasse sua volta, que tão cheio de si se circunda num movimento frenético e esquizofrênico. Como na aurora boreal onde a beleza se resume à luta diária dessa volta por um pouco de dignidade.

Pensei, olhei e ouvi e no alto da suficiência percebi o quanto fomos e o quanto queremos ser; se chegaremos lá ou se apenas seremos uma frase mal conjugada com reticencias e cheia de imperfeição onde todo o pretérito rodeia.


 
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