Amanhece no vilarejo e já temos que alimentas as galinhas.
Peguei um pouco de leite enquanto minha mãe apanhava lenha para o fogo. Talvez
comamos um bom leitão, não sei. Os dias tem sido calmos e um pouco de cerveja
quente sempre alegra as noites frias de lua nova. É inverno agora e os campos
descansam deitados e serenos. Temos alguns grãos no porão, mas não temos
certeza se serão suficientes para todo o inverno. Não se tem muito que fazer
nessa época e então sentamos à beira da lareira e tecemos longas horas a fio as
roupas de nossos esposos e falamos sobre quando a primavera chegar e cuidamos dos
animais que sempre precisam de carinho. Não vejo a hora de celebrar o próximo
equinócio! O inverno tem um lado bom, mas nossas almas ficam desprotegidas
quando a Deusa Mãe fica longe de nós. Ela foi ao submundo trazer de volta o
sol... Temos muito medo de ficar sem comida, mas sempre conseguimos atravessar
a fase escura do ano e os primos das terras mais ao leste também sempre mandam
alguma ajuda. Os teares precisam de reparos e a lenha tem que ser buscada mais
uma vez... os guardas reais tem rondado nossas terras. Disso também temos medo,
pois nunca se sabe o que eles querem ou a quem procuram. Fuça o fundo de nossa
alma alertas ao mínimo sinal de paganismo. No fundo eles têm medo que gente
como a gente descubra novas formas de ter poder que não fazendo parte da corte.
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