toca-se na ferida e
as coisas se revelam. nelas mesmas? pergunto-me, ironicamente. e então a vida
exige mais de mim num constante, e não muito bem vindo, amadurecimento [punk]
hardcore. longe de minhas intenções fazer exercício de egoísmo, mas as potentes
impossibilidades matam mais que as vias de fato. pés e mãos atados e a vontade
de seguir, novamente [com paz]. ah.. que seria dos homens de bem se não fosse a
paz. aquela que dizem invadir os corações.. fecho os olhos e tateio até
encontrar o que ainda nem sei que procuro. esbarro aqui e ali, porém sigo. vou
descalço e as pedras me cortam os pés.. e antes todo o pesar fosse o sangue na
estrada - seria colorido e vivo, literalmente. o pesar é aquilo que me pesa e
que dolorosamente retiro de minhas costas em abandono meio à toada. dos fardos
que levo, escolho aquele que me manterá de pé. dos outros não menos leves
despeço-me com pesar. e antes o pesar fosse apenas por conta dos fatos. são pesares
pelo anúncio do verme que habita a carne putrefata de quem se pretende vivo. e
num movimento esquizofrênico me pergunto sobre os benefícios na indagação.
certamente na dúvida repousa um poder demasiado assombroso e poucos são os que
se aventuram nesse desvelamento redundante desprovido de sentido que culmina na
paz. essa pobre que jaz na viral ganancia material e descarta o que realmente
importa. revolta. de tranquilidade envolta, minha revolta se faz pobre. e que
seria eu se não um pobre, [diabo] que tenta, ainda que em proza, declarar os
sentimentos como se esses fossem tangíveis? volta tua face para de onde nunca
deverias ter deixado de mirar. restabelece a ordem do caos que te governa em
acaso. sereno novamente, respira e faz de conta que ferida não há para ser
tocada.
“no fim, tudo se ajeita. e se não se ajeitou, ainda não chegamos ao fim”.