quarta-feira, 9 de julho de 2014 0 comentários

fardo póstumo

toca-se na ferida e as coisas se revelam. nelas mesmas? pergunto-me, ironicamente. e então a vida exige mais de mim num constante, e não muito bem vindo, amadurecimento [punk] hardcore. longe de minhas intenções fazer exercício de egoísmo, mas as potentes impossibilidades matam mais que as vias de fato. pés e mãos atados e a vontade de seguir, novamente [com paz]. ah.. que seria dos homens de bem se não fosse a paz. aquela que dizem invadir os corações.. fecho os olhos e tateio até encontrar o que ainda nem sei que procuro. esbarro aqui e ali, porém sigo. vou descalço e as pedras me cortam os pés.. e antes todo o pesar fosse o sangue na estrada - seria colorido e vivo, literalmente. o pesar é aquilo que me pesa e que dolorosamente retiro de minhas costas em abandono meio à toada. dos fardos que levo, escolho aquele que me manterá de pé. dos outros não menos leves despeço-me com pesar. e antes o pesar fosse apenas por conta dos fatos. são pesares pelo anúncio do verme que habita a carne putrefata de quem se pretende vivo. e num movimento esquizofrênico me pergunto sobre os benefícios na indagação. certamente na dúvida repousa um poder demasiado assombroso e poucos são os que se aventuram nesse desvelamento redundante desprovido de sentido que culmina na paz. essa pobre que jaz na viral ganancia material e descarta o que realmente importa. revolta. de tranquilidade envolta, minha revolta se faz pobre. e que seria eu se não um pobre, [diabo] que tenta, ainda que em proza, declarar os sentimentos como se esses fossem tangíveis? volta tua face para de onde nunca deverias ter deixado de mirar. restabelece a ordem do caos que te governa em acaso. sereno novamente, respira e faz de conta que ferida não há para ser tocada. 
“no fim, tudo se ajeita. e se não se ajeitou, ainda não chegamos ao fim”.
 
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