Humano
é aquele que alcançou a condição de genuíno cosmopolita, se importando com o
que deve ser levado em consideração, valorizando apenas a integridade da pessoa
humana, em sua vida e morte, independentemente de qualquer carga cultural ou
ideológica, pois estas, quando presentes, são de cunho extremamente individual
e não devem necessariamente influenciar a maneira como nos relacionamos com as
pessoas.
A não
ser que não nos enxerguemos como que fazendo parte, necessariamente, do mesmo
mundo que os outros, e temos os valores cosmopolitas completamente ignorados.
Logo, uma pessoa sem essas capacidades empáticas está fadada de, desde o
estágio de criança, simular uma humanidade superficial para o trato com as
pessoas do mundo comum. O problema desta simulação é que ela se transforma em
um exercício, que passa a a ser experienciado cotidianamente, transformando
este ser, se podemos assim dizer, em algo que não sabemos necessariamente o que
é, principalmente por sua falta de capacidade de admissão de coisas, o que inclui
comportamentos e sistema de crenças, tomadas de partido e, principalmente da
ideia que se faz de outras pessoas. Podemos então, experienciar uma completa
incapacidade de lidar com o mundo e com a vida, o que joga este tipo de humano
no campo da di-simulação, ou seja, na capacidade de simular mundos de maneira
distinta ao mesmo tempo, oscilando entre o dito e o contradito, o que lhe
permite manipular a realidade que lhe é tangente, assim como outras pessoas de
maneira peculiar, dada a grande atratividade que este tipo de conduta exerce
sobre as pessoas autênticas e humanas. Talvez a característica que mais
preocupa a existência deste tipo de capacidade di-simulativa, seja a falta de
autorreflexão somada à premissa de que não há ação errada de sua parte,
causando um envenenamento através da vontade. E como poderíamos esquecer do
jeitinho de deixar a vida leva? Fala-se sempre de tudo, menos do que precisa
ser falado. Descarta pessoas quando estas não lhes interessa mais e diz ser
contra a superficialidade das relações. Humanos simuladores tem um grande
ímpeto de vontade, o que lhe proporciona uma plasticidade, para não dizer
escorregadez, invejável, tamanha são as artimanhas praticadas e proferidas para
fazer valer suas ações e palavras, mesmo quando estão quase que totalmente
incongruentes com o meio onde acontece a jogada. Não podemos esquecer jamais de
um último detalhe, e talvez seja este o que justamente denuncia este tipo de
ação no mundo; a capacidade de dobrar existências. Como sua existência é
não-satisfatória, quando pensamos em todos os artifícios necessários para que
este ser esteja mais ou menos bem, em sociedade, verificamos uma espécie de
violência da mais vil, quando consegue atribuir a outrem aquilo mesmo que é ou
está em si, se eximindo da responsabilidade ético-sensível de suas ações,
atribuindo a tudo que não é si mesmo, a responsabilidade, vulgo culpa, por isto
ou aquilo ter ou não acontecido.
Enquanto
o tempo passa, nós vamos observando.. e enquanto experienciamos esse tipo de
pessoa, vamos cuidando para não sermos absorvidos por este tipo de conduta. Para
não replicar este comportamento. Porque no fundo não precisamos dele. Infelizmente,
simular a humanidade é algo tão inumado que não cabe em si de contraditoriedade.
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