sexta-feira, 10 de setembro de 2021 0 comentários

Onde nasceu o chão que você nasceu?


 

Eu nasci com meu chão na terra e aprendi a olhar para o céu.

Hoje, tenho condição de compreender a realidade tal qual ela se apresenta não apenas para mim, mas para todos que estão em todas as esferas da existência no chão e acima do chão.

Porque aprendi a olhar para o céu, e consegui compreender quem vive em cada parte limitado-infinita de vazio acima da terra.

Quem nasceu com o chão no céu não tem condição de propriamente sentir a existência com os próprios pés, porque distante é da verdadeira vida, que começa na terra.

Por isso sou feliz e estou em paz.

Sou e posso bem mais que qualquer ser que não tenha nascido com o chão na terra, como eu.

E vejo daqui a vaidade de quem achou ter podido compreender qualquer coisa na vida, quando, na verdade, apenas se alimenta da ficção que é sua falta de terra, por ter um impróprio chão.


Henrique Moreira Neto.

terça-feira, 16 de agosto de 2016 0 comentários

Humanidade simulada


Humano é aquele que alcançou a condição de genuíno cosmopolita, se importando com o que deve ser levado em consideração, valorizando apenas a integridade da pessoa humana, em sua vida e morte, independentemente de qualquer carga cultural ou ideológica, pois estas, quando presentes, são de cunho extremamente individual e não devem necessariamente influenciar a maneira como nos relacionamos com as pessoas.
A não ser que não nos enxerguemos como que fazendo parte, necessariamente, do mesmo mundo que os outros, e temos os valores cosmopolitas completamente ignorados. Logo, uma pessoa sem essas capacidades empáticas está fadada de, desde o estágio de criança, simular uma humanidade superficial para o trato com as pessoas do mundo comum. O problema desta simulação é que ela se transforma em um exercício, que passa a a ser experienciado cotidianamente, transformando este ser, se podemos assim dizer, em algo que não sabemos necessariamente o que é, principalmente por sua falta de capacidade de admissão de coisas, o que inclui comportamentos e sistema de crenças, tomadas de partido e, principalmente da ideia que se faz de outras pessoas. Podemos então, experienciar uma completa incapacidade de lidar com o mundo e com a vida, o que joga este tipo de humano no campo da di-simulação, ou seja, na capacidade de simular mundos de maneira distinta ao mesmo tempo, oscilando entre o dito e o contradito, o que lhe permite manipular a realidade que lhe é tangente, assim como outras pessoas de maneira peculiar, dada a grande atratividade que este tipo de conduta exerce sobre as pessoas autênticas e humanas. Talvez a característica que mais preocupa a existência deste tipo de capacidade di-simulativa, seja a falta de autorreflexão somada à premissa de que não há ação errada de sua parte, causando um envenenamento através da vontade. E como poderíamos esquecer do jeitinho de deixar a vida leva? Fala-se sempre de tudo, menos do que precisa ser falado. Descarta pessoas quando estas não lhes interessa mais e diz ser contra a superficialidade das relações. Humanos simuladores tem um grande ímpeto de vontade, o que lhe proporciona uma plasticidade, para não dizer escorregadez, invejável, tamanha são as artimanhas praticadas e proferidas para fazer valer suas ações e palavras, mesmo quando estão quase que totalmente incongruentes com o meio onde acontece a jogada. Não podemos esquecer jamais de um último detalhe, e talvez seja este o que justamente denuncia este tipo de ação no mundo; a capacidade de dobrar existências. Como sua existência é não-satisfatória, quando pensamos em todos os artifícios necessários para que este ser esteja mais ou menos bem, em sociedade, verificamos uma espécie de violência da mais vil, quando consegue atribuir a outrem aquilo mesmo que é ou está em si, se eximindo da responsabilidade ético-sensível de suas ações, atribuindo a tudo que não é si mesmo, a responsabilidade, vulgo culpa, por isto ou aquilo ter ou não acontecido.

Enquanto o tempo passa, nós vamos observando.. e enquanto experienciamos esse tipo de pessoa, vamos cuidando para não sermos absorvidos por este tipo de conduta. Para não replicar este comportamento. Porque no fundo não precisamos dele. Infelizmente, simular a humanidade é algo tão inumado que não cabe em si de contraditoriedade. 
quarta-feira, 20 de julho de 2016 0 comentários

uma questão de ser..



quando eu era cristão, aprendi muitas coisas que considero boas por me tornarem uma pessoa melhor. sempre. a principal delas é a de honrar minha palavra.
se digo, faço. se vejo que não posso, nem falo. não me iludo, em hipótese alguma, com o fato de ter o mundo aos meus pés para os outros, quando na verdade não dou conta de nem um terço do que atraí, contra a vontade do destino, para a minha existência.
não invento desculpas, não digo que foi uma circunstancialidade a causa da minha subversão.
infelizmente há cristãos que ignoram todas os aspectos que verdadeiramente fazem alguma diferença para a convivência em humanidade, em detrimento de futilidades caprichosas vindas apenas dos egos inflados exercitados cotidianamente , no discurso das entrelinhas da autogestão.
no fundo, ao fim da análise, há uma dó, num sentido benevolente. uma dó pela percepção dos sentidos que movimentam tal alma, esta já sem capacidade de diferenciar entre si e as estratégias construídas anos a fio. estratégias para atrair pessoas. estratégias para parecer amigável e íntima. estratégias para usar pessoas e situações a bel prazer, e gratuitamente cansar delas e descartá-las como se fossem algo desprezível, repugnante. e qual infortúnio me leva a tecer esse diagnóstico? bom, ainda não é o momento de concluir este texto. vamos ver como ele se desenrolará, em vida... vida própria, enquanto se encontra na mão desses cristãos, que escondem nos fundos das gavetas de seus corações aquele elo de luminescência há muito subjugado e ignorado pela simples preocupação com a opinião alheia. e aqui é o ponto mais interessante. o cúmulo da hipocrisia fantasiada de cordialidade. ah, os sorrisos cordiais.. como são traiçoeiros! antes todo mal fosse um leve sorriso. o mau que emana dele, como vontade de potência, é algo que não se justifica. algo que nunca, em hipótese alguma, irá sanar ou aliviar aquela agonia da criança que nunca conseguiu naturalmente atrair outras crianças para brincar junto à fonte do pátio da escolinha. com todos os ônus consequentes dessas observações, o alívio de ser genuinamente humano, em meus prazeres e sofrimentos, é o que, de fato, me mantém vivo. ao contrário dessa existência que nada tem, genuinamente, e nada nunca terá pois atrai para si justamente aqueles que são semelhantes a si mesmo. os opostos então se afastam, tamanho é o espanto que os atingem quando vislumbram um pequeno lampejo de verdade que desvela o ser da coisa. coisa esta vagueante à procura de autenticidade, esta tão mal compreendida e mal interpretada, cuja ambiguidade é tão mortífera, justamente por não conseguir sintetizar sua vontade para o bom caminhar, que é feito pelo caminho do meio.
posso não ser cristão, mas não subverto em hipótese alguma, o que pretendeu o Cristo. 
e que todas as coisas justas me sirvam para ser uma pessoa melhor a cada dia. nunca, em hipótese alguma, subjugando alguém ou subvertendo valores à minha conveniência. pois eu não sou o criador, ou o destino. sou apenas uma ínfima parte de algo que não compreendo necessariamente. e que esse jogo seja mesmo o jôgo do mundo, a dó se volta novamente, pela percepção de que no fundo, não se encolhe ser deste ou daquele jeito, quando somos engrenagens do maquinário desconhecido chamado universo.



sábado, 16 de abril de 2016 0 comentários

batalha silenciosa



lágrimas nos olhos,
espada ao punho,
escudo à fronte,
grito mudo,
revolta viva,
impotência,
e o ínfimo do ser entregue
à grandeza do universo.

*** 
haverá suficiente lã
que nos permita continuar fiando
o manto da existência?
quarta-feira, 6 de abril de 2016 0 comentários

eremita utópico


um passo atrás, dois passos à frente. e caminhando, tenho sempre muito cuidado para não ser seduzido pela soberba. e a soberba de ser bom revela o mau em mim. mau que eu nego, e que sou, mesmo que não queira. e continua vindo à mim, de qualquer maneira... e nego o mundo para que eu me aceite, e me aceito na negação do outro, que é o mesmo eu, de outro lugar de ver. e mais uma vez eu nego à maldade em mim, 
negando-me. e cambaleio lá e cá no jôgo do mundo, nessa ínfima existência que chamaram de humana. __ que somos nós, que não eremitas? eremitas utópicos do utópico século XXI que a tudo atropela a tudo massacra e a tudo nega, fazendo eu negar a você, que sou eu ao mesmo tempo que é o mundo, em seu jôgo e entregue a si mesmo. __ caminhar é preciso, é utópico. caminhando vamos, caminhando voltamos caminhando estamos, caminhando na seara do destino. um passo atrás, dois passos à frente, para trás não podemos olhar.
caminhemos,
vamos,
caminhar
sábado, 26 de dezembro de 2015 0 comentários

Consciência, Universo - BMO e o Bolha




Sim, amo Hora de Aventura e vejo nele muito sentido em relação à natureza mesma do mundo e das coisas. Não conheço muito sobre o criador, mas diria que aquela mente é brilhante. Ou então e ainda, como eu sempre pensei em relação aos grandes mestres da história da humanidade: talvez ele nem tenha consciência do que estavam fazendo, produzindo ou inventando quando criou Hora de Aventura e nós, com outra maneira de apropriação das ideias das coisas do mundo, ressignificamos essas coisas pela escavação dos sentidos que elas podem nos doar até a sua consumação.

Bom, o episódio que me chama a atenção, dentre todos os outros que sempre me chamam a atenção, é o de número 17 da quinta temporada com título, “BMO perdido”. Esse episódio <3 (^^v). Mais especificamente no episódio BMO está perdido e quer voltar para a casa da árvore. No meio do caminho BMO encontra alguns acompanhantes para a sua jornada. Uma delas é uma bolha, pela qual BMO se apaixona. Todos tinham o mesmo desejo de voltar para casa, mas a bolha dizia estar a tanto tempo perdida que não sabia mais como era sua casa, não conseguia se lembrar de absolutamente qualquer coisa. BMO prometeu ajuda-lo a voltar e no clima da paixão decidiram se casar. Foi quando BMO encontrou a casa da árvore e bateu na porta pra Finn ou Jake atenderem. Esperavam um ao lado do outro quando Jake abriu a porta e completamente ignorante do que estava acontecendo exclamou: olha! Uma bolha! E estourou. BMO ficou revoltado e triste sem saber o que ia fazer já que queria se casar com o bolha. Quando ele pensou que o bolha estava morto sua voz ecoou dentro de sua cabeça pedindo calma, pois ele estava ali, em todo lugar e estava tudo bem. Ele se lembrou quem era. Era o ar e estava preso naquela bolha por muito tempo, mas que agora poderia estar com BMO onde quer que ele esteja, dia e noite, a todo momento para sempre.

Qual a meditação? É que eu fiquei pensando muito sobre o fato de o ar pensar ser uma bolha enquanto estava aprisionado na película de uma bolha e depois de voltar à sua casa, se lembrar quem é e querer a sua natureza. Daí fiquei pensando sobre espíritos, consciência, sobre alma, sobre vida. Sobre isso que anima a matéria de alguma maneira que não o mero movimento mecânico orgânico-químico da materialidade. Mas ainda não sei se chamo de espírito ou consciência. Mas vamos lá.


Que é isso que anima nossa materialidade? Acredito que a consciência seja algo universal. Quem sabe, até um estado da matéria, desconhecido pela nossa limitação cognitiva e não necessariamente tecnológica. Talvez não alcancemos tais intelecções em suas maneiras de existência intuitiva. Nesse sentido, acredito que o corpo como conhecemos junto com o que chamamos de alma é a película mesma que abriga um pouco da consciência que foi trazida nesse mundo e é de certa maneira, à revelia, obrigada a passar pelas experiências dessa materialidade mesma. Ao ponto de esquecer de sua casa por estar cada vez mais longe de suas origens. É assim que esquecemos dos valores de consciência que deveríamos cultivar. Daí pensei que na verdade somos isso que era o bolha. Somos essa consciência universal que é “aprisionada” neste corpo e vive essas experiências. Depois o destino nos estoura e voltamos a compor a consciência universal a que tudo preenche e à qual tudo pertence. Ainda fiquei pensando sobre os tipos de morte ou de evolução pessoal no sentido sobre o estado de sua película no decorrer da vida.. Como assim o estado da película? Quanto mais firme, mais difícil de estourar. 

Quanto mais frágil, mais fácil. Mas ainda pensei sore pessoas idosas que tem o mesmo discurso como se fosse uma nostalgia metafísica sobre a origem de suas consciências. Vi isso em minha bisavó antes de partir e vi isso com a Vozinha do Youtube. Engraçado que o que a ciência moderna faz é destruir a beleza das coisas dizendo ser apenas um mal de Alzheimer ou algo do tipo. Eu digo que não. Não é nada disso. É o não reconhecimento mais desse mundo em detrimento do universo que chama pela fragilidade da substância mesma que nos mantém aqui enquanto consciências espirituais. O que essas pessoas de mais idade têm em comum? Elas não reconhecem suas casas como sendo casa e pegam as trouxas e saem na rua dizendo estarem indo para casa. Mas perguntamos: que casa? Se essa é a casa.. à qual casa elas se referem? 

Nisso ninguém para pra pensar e então dizem que eles estão “caducos”. Uma violência é não considerar a sabedoria de consciências estiveram entre nós por tanto tempo. Elas querem ir pra casa porque sentem que a consciência maior as chamam. Que não fazem mais parte do mundo e que já não há muito sentido estarem ali. Querem ir para casa. Querem ser estouradas como bolhas. Querem ser reintegradas à consciência universal. Como o bolha voltou a ser ar.
sábado, 31 de outubro de 2015 0 comentários

que é isto, sonhar?




Que é isto, sonhar?


Depois de muito tempo negligenciando com o diário de sonhos, resolvi escrever porque hoje ele particularmente me chamou a atenção. Vou voltar a escrever mais, mas ainda não sei se continuo no computador ou definitivamente compro um caderno onde serão anotados. Bom, daí fui ler um pouco mais sobre sonhos, em alguns blogs e algo me deixou confuso sobre como as pessoas encaram os sonhos.

O homem enquanto ser humano, e quando digo “homem” estou me referindo à espécie homo sapiens, nunca foi tão homo ignarus. Sim, ignorante! Nós, homens, queremos reclamar a condição de humanos sem querer abrir mão da animalidade, apenas para não arcar de maneira plena com a responsabilidade de ser esse animal que se reconhece em frente ao espelho e se corresponde com outros na consciência da convivência cotidiana. Ser esse animal que, enquanto evoluindo perpetuamente essas e outras habilidades, manipula a matéria alterando a si mesmo numa velocidade incomum, quando comparado aos outros animais que habitam esse planeta, modificando assim, por consequência, o espaço em sua volta – e os limites já ferem os céus e pergunto: qual o tamanho do homem?

Então temos uma manutenção consciente da animalidade? De certa maneira. Ela de fato nunca nos deixará porque constituição própria da condição de ser homem. O problema é a humanidade que esse homem inventou como condição básica para existir entre homens. Quer dizer, os princípios da ambição irrefletida e luta (loucura) pela sobrevivência justificam continuarmos atrasado em relação às próprias coisas que decidimos inventar para dar sentido à nossa existência? E daí estou falando especificamente da vontade de tirar proveito de tudo, numa animalidade descomunal, bestial, onde toda reflexão cai por terra. Mas não é esse mesmo princípio que rege o sistema capitalista de produção? Uma acumulação desenfreada e esquizofrênica de capital a troco – que irônico, troco – de nada. Mas o que justifica ainda estar nessa loucura para que as coisas façam sentido? Qual a origem da necessidade de que algo faça sentido e quais os limites para esse sentido? Mais direcionado ao que me chamou a atenção nas leituras desses blogs: por que os sonhos precisam ter um sentido, um significado? Por que eles precisam “dizer algo”?
Que desafio! O homem e sua existência ambígua. E na ambiguidade, por quais motivos ainda não aprendemos a conviver com a dúvida, mesmo que essa seja amansada com uma outra certeza inventada por nós mesmos, mas que não aniquila outras possibilidades de ser das coisas, dos fenômenos e, no caso, dos sonhos? Sonhos não significam qualquer coisa, existencialmente falando. Sonhos não querem dizer algo aqui ou acolá, sequer querem antecipar qualquer fato. Sonho. Um nome que alude à surrealidade ou ao sensacional, delusional, para um acontecimento tão potente e negligenciado. E mesmo que eu me desprenda de umas amarras e me atenha à outras, não significa que eu possa estar equivocado, no sentido de que isso é o que eu acredito que sejam os “sonhos”:
Se acreditamos nos modelos propostos para explicar a composição básica da matéria e nos conhecimentos antigos quando a ciência ainda não havia destruído o mundo, podemos tranquilamente perceber que os sonhos, nada mais são do que um breve contato que temos com uma outra realidade através de nossa consciência, nesse outro mundo. A existência é múltipla e assim como são infinitas as possibilidades de ser, infinitas são as possibilidades de universos que podem coexistir. Não acontece sempre. 

Quando sonhamos, estamos compartilhando de maneira mágica a vivência momentânea de um outro “eu” nosso, em um outro universo, com outra variedade de fenômenos. Uma frágil conexão totalmente incompreendida e irrefletida, que lembra algo bem levemente na ideia de entrelaçamento. Sim, as realidades são entrelaçadas na grande dança cósmica que para nós ainda é inimaginável e possui dimensões que não nos é possível a compreensão.

Não há um sentido. Não há um significado. Não há um “quer dizer” isso ou aquilo. É apenas um frágil segundo de compartilhamento consciente de realidade entre uma existência qualquer em um universo qualquer, que se rompe assim que despertamos. Quando somos acordados, somo puxados de maneira brusca para a realidade onde se basta nossa materialidade original e quando conseguimos manipular o sonho, na verdade o que conseguimos é uma integração maior com nossa outra realidade, com nosso outro “eu” e então como não sabemos onde começa um e termina o outro, porém essencialmente somos-todos-um, pensamos ser nós mesmos, e mesmo não sendo, não deixamos de ser.
Enquanto não compreendemos como tal dispositivo funciona, resta-nos ficar maravilhados com essa experiência magnífica!

"Ah mas foi muito louco, não é possível!" Sim, o é e essas possibilidades são-aí independente de querermos ou não. Mas esquecemos o Ser. O esquecimento do Ser traz o desencantamento do mundo e a triste perda da vida. Esquecer o ser é também não considerar as possibilidades para um sonho. Essa é uma possibilidade.


terça-feira, 8 de setembro de 2015 0 comentários

limeira no temporal




Hoje eu vi um temporal se formar, bem acima de mim..e eu me perguntava, que é isso, esta dor? Não dá para ver, mas dá para sentir.. mas não deveria estar aqui. o vento empurrou tudo, deslocou as coisas que mais pensavam estar no lugar.. então, que é isso, esse sentir? E ainda que nenhuma indagação pretensamente fenomenológica venha ajudar na compreensão do que estou sentindo, queria ter podido não sentir. Pelo menos percebi que quanto mais eu queira não pensar, mais o pensamento toma uma forma estranha que conseguiu me jogar contra as paredes do meu quarto. Tentei fugir da chuva mas não sei se consegui. Eu não sou tão iluminado e no mundo ainda há muitas coisas difíceis de se compreender, mesmo que sejam apenas nuvens passageiras. Então fico olhando para o tempo e me perguntando o por que isso dói e não consigo ver qualquer rastro da luz que dizem existir no final das coisas. Raios! Ou talvez as coisas existam para apenas serem sentidas e não entendidas. Então choveu. e depois de tanto tempo, minha arrogância é inútil. Nada sei e nada sou. Talvez é preciso aprender tudo de novo e quem sabe eu conseguirei entender o que é isso que estou sentindo. Talvez eu consiga entender a direção do vento..Tristeza, nojo, raiva, tenho eu o direito de sentir essas coisas? Talvez eu queira reivindicar o que nem seja meu.. assim como as aves que se aventuram por entre as nuvens carregadas.. o coração se confunde e já não sei nem mais o que estou fazendo aqui, ou o que esta chuva está fazendo aqui dentro. Cada tijolo estava sendo cuidadosamente colocado.. mas depois dessa chuva a janela agora acha que é porta e o telhado pensa que é parede e eu não faço a mínima ideia de como colocar as coisas no lugar. Foi quando eu pensei que não ia chorar, que eu chorei. Mas foi também quando eu menos esperei, que a tempestade passou..

quarta-feira, 29 de julho de 2015 0 comentários

Moto X 2014 – apenas mais um conto sobre o amor.


Era uma vez, um iPhone 5S. ele tinha um dono e ambos eram felizes, cada um a seu modo. Branco e de bordas em alumínio escovado, contava com proteção Corning Gorillaglass 3, tela IPS de 4 polegadas e não é só isso! Com um processador A7 Cyclone dual core de 1,3GHz, 1GB de memória RAM e incríveis 16GB de HD, prometia fazer maravilhas na vida de qualquer ser humano! Ah, esqueci da câmera! Maravilhosa, de 8 megapixels, fazia imagens deslumbrantes! E a câmera frontal, então, nem se fala. Era cheio de aplicativos sensacionais, e também se conectava, em redes sociais! Instagram, Facebook, Snapchat, por que não? Vez ou outra um Swarm, ou quem sabe um Tinder? O navegador não era muito usado.. quem precisa de um navegador quando se tem vários apps!? Porém, senhoras e senhores, esse maravilhoso iPhone, no fundo e na verdade, sofria de uma falha. Ele não permite que sua intimidade seja vista, observada. Ele mantém a imagem de durão e de bom, e não deixa que músicas e vídeos façam parte dele sem que elas passem pelo controle de qualidade da maçã, sua mãe. E na verdade, acredito, ele de nada tem de especial e tem medo que as pessoas descubram isso e então se esconde de várias maneiras. Seu dono sempre gostou muito de música e sempre tinha muito trabalho para conseguir ouvir qualquer coisa que fosse a partir de seu iPhone.
            Daí que o dono desse iPhone encontra um moço simples, que se auto denomina humilde e que aparentemente era cheia de boas qualidades, onde os defeitos eram detalhes suportáveis. Vendo que seu amado estava tendo uma dor de cabeça tremenda para fazer coisas simples do cotidiano, inventou de abrir a boca para sugerir que esse dono trocasse seu famigerado iPhone por uma Android! Sim! Por que não!? Limpo, lindo, autêntico, e... olha que maravilha, recebe músicas e filmes e até santo, se a gente duvidar. Ouvir músicas não seria mais problema. Dito e feito. A troca foi feita porque antes e prontamente a ideia da troca foi aceita pelo dono do iPhone sem que restasse nem um pouco de dúvida! E não é que o tal do universo deu um jeito para que isso fosse facilitado? Não foram 5 dias depois da palavra lançada e já estava feita a troca.
            Era um trio perfeito. O dono do iPhone, o moço “de boas” e o Android, sob a figura do Moto X 2014. Assim ficaram por quase 6 meses, olha que maravilha! Tudo estava perfeito, tudo fluía. Como era o Moto X 2014? Ah, esse era maravilho também, ou mais que o iPhone! A tela era maior, a câmera melhor, o processador? Belezura! Mais memória para guardar os momentos que teimavam em escapar-lhes pelas bordas também de alumínio... e ainda como se não bastasse tanta coisa boa, contava com um turbo charger que entregava horas de bateria em apenas 15 minutos de recarga! Olha que maravilha! Uma pena que essa maravilha tenha sido a sua derrota. O Dono do Moto X 2014 cismou em achar que a bateria de seu lindo novo celular perfeito Android estava ruim. Dizia que não tinha carga, que estava deixando-o na mão.. um verdadeiro desespero. Com o tempo, mas pouco tempo, diga-se de passagem, o Moto X 2014 foi esquecido.. foi deixado, e o ruim dessa história é que tudo não passou de uma injustiça. Ele havia acabado de receber uma atualização de Sistema Operacional e precisa ser formatado. Enquanto isso não fosse feito, era claro que a bateria não ia apresentar o melhor desempenho. O dono do Moto X 2014, estava inconformado e começou a colocar em cheque sua decisão de ter trocado de celular. Ele se perguntou por quase 15 dias da segunda metade do mês de Julho desse ano de 2015, sobre sua decisão de ter abandonado seu lindo iPhone. “Será que fiz a escolha correta? ”, pensava. Muitas foram as dúvidas e o sentimento de impotência e infelicidade só aumentava. Ele não sabia como lidar com a situação pois nunca havia passado por algo parecido com isso antes. Deveria ele continuar com esse Android que agora não valia o chão que ele pisasse ou deveria ele ter ficado com seu maravilhoso iPhone, mesmo com todas as limitações?

            Bem, o Android na figura do Moto X 2014 nunca havia prometido felicidade eterna ou nunca contou nenhuma mentira. Apenas queria que a vida daquele moço que gostava de música e era dono de um iPhone fosse um pouco mais feliz, com música livre e rápida. Mas não foi isso que aconteceu. O dono lá tomou raiva do Moto X 2014. Decidiu vende-lo para reconquistar se amado iPhone de volta. Sim, ele queria de volta aquela limitação, ele sente saudade disso mas ele não admite isso e isso é o problema para o “moço de boas”. Mas cada um sabe o que faz, ou pelo menos deveria saber! Um dos problemas dessa decisão é que o dono lá mentiu sobre essa vontade para o “moço de boas”. Ele não teve coragem de confessar que tinha vontade de voltar atrás e que achava que sua vida não deveria ter ido por esses caminhos. Ele não queria estar casado. Ele não queria estar com alguém. Isso tudo é muito compreensível, mas apenas, e somente, se ele jogasse limpo desde o início! Se fosse sincero desde o começo. Se ele não aceitasse tão rápido uma vida que ele sabia ou achava que não era pra ele. Bom, ele voltou ao iPhone. O dono do iPhone era você, e na sua vida, eu, trocado, não passei de um Moto X 2014.
sábado, 18 de abril de 2015 0 comentários

impotência potente


Veio-me de súbito uma vontade de dormir num cansaço misto em físico e mental. Deitei. E naquele estado de quase sono sem de fato ter dormindo ainda, numa meia consciência inconsciente onde você não sabe se está acordado mas o contrário também não é verdadeiro, tive uma sequência muito clara e também muito rápida de três pensamentos que foram eu ter me imaginado andando pela casa, depois eu me olhando no espelho do banheiro e depois uma força em negro apagou qualquer outra vontade de imagem de minha mente. Não sei se eu conseguiria descrever melhor o que vi mesmo que em pensamento pois pensei também ter visto algo em breve vermelho que de tão breve até agora me parece ilusão, pois tudo ganhou um preto que beirou a loucura. O que senti? Nesse exato e efêmero momento eu sistematicamente e simultaneamente, numa experiência que direi a vida inteira ter sido única pela certeza da probabilidade de não repetição, apertei meu lençol com tanta força que fiz pressão contra minha perna, arregalei os olhos como nunca havia feito antes da mesma forma que foi grande o meu espanto. Sim, agora misturando esses dois blocos de coisas escritas posso contar o que percebi quase também que ao mesmo tempo que tudo isso aconteceu, e eu não sabia se mantinha os olhos abertos pelo espanto com as sensações que eu tive ou pelo espanto que aqueles pensamentos sobre o que acabara de acontecer me provocaram, e num efeito cascata, fiquei a meditar por quase meia hora, paralisado na cama ao mesmo tempo que não acreditava do que tinha acontecido pelo absurdo que é para o alheio o que eu estava pensando. Qual era a sensação depois de toda essa performance? Ali, naquele momento onde tudo isso aconteceu ao mesmo tempo e se estendeu por mais ou menos meia hora, eu tive a certeza mais que absoluta que a minha existência nesse universo, à minha revelia, estava se desconectando desse plano para se fundir, ainda que para um breve sonho, à outra existência minha em outro universo. Para mim, e para os físicos contemporâneos que estão chegando à mesma conclusão apenas agora sobre a existência concreta desses universos e a extensibilidade do que chamamos de existência, isso foi mágico. Pude sentir, tocar, experimentar a fina membrana que separa as dimensões em universos paralelos entre si, mas sobrepostos. Foi uma experiência única e inimaginável, mesmo que com essa tentativa de fazer alguém, a que isso ler, imaginar. Poderia ter escrito mais? Talvez, mas não sei se existem palavras com tamanha potência. É estranho tentar comunicar o limbo que nos separa de nossos outros eus e de nossos outros mundos como possibilidades de existência. Tangenciei, sem querer, a potência mais bem guardada do universo. Senti-me privilegiado e agora ficou a nostalgia. Adoraria sentir isso novamente. Adoraria ver mas agora em plena consciência o exato momento em que minha essência flui entre mundos para dar corpo à manta ininterrupta da criação. E no fundo, senti-me em paz por saber que não sou louco por pensar minhas próprias agonias, ou então que sou tão louco que nenhum outro louco entenderia minha loucura.

quarta-feira, 8 de abril de 2015 0 comentários

sob(re) dois lados..



Tudo tem dois lados e equidade é balela. Ainda que um flua para o outro e esse fluir configure o curso natural das coisas, tudo tem dois lados. E como agir diante disso? É clichê a expectativa ser a mãe da decepção e eu aceito isso, porém seria igualmente clichê quando as entranhas de um ídolo se nos permitem assistir à sua mundanidade tão ordinária...? Tenho náuseas. De quem seria a culpa? Seria dos dois lados, pois não decidiriam qual o sentido do fluxo que ordenaria sua naturalidade e então nasceu o conflito, ainda que sutil. Um conflito silencioso e conflitivo consigo mesmo para que fique sempre claro a sua natureza, ambígua, habita duas faces. Gosto muito daquele exemplo sobre quando saímos nas ruas e, além de vermos e observarmos os outros, de cá, os outros, de lá, também nos veem e nos observam. Que fazer diante disso? Reconhecer esse fluxo existencial que fundamenta a disposição das naturezas no universo, suponho. Mas, e quando aquelas entranhas, outrora expostas, mancham seu pé de um sangue equivocadamente pálido? Usou seus últimos esforços mirando pés errados, ou ainda pés que não eram necessariamente aqueles que responderiam suas perguntas conflituosas porque ambíguas, que transitam entre dois lados. Mas, e quando você pensar estar num fluxo ideal de um lado a outro, sem notar que na verdade você se deixou cristalizar por um dos lados? Como agir diante disso? Numa manipulação muito mal instrumentalizada você se permite estar, e então eu, que sempre me pergunto sobre a ambiguidade gratuita de todas as coisas, fico aqui a me perguntar sobre o porquê de eu ainda estar me perguntando sobre aquilo que não deveria ser perguntado. Mas, que isso tem necessariamente a ver com os lados, ainda que esse de cá ou esse de lá? Eu diria, talvez, que isso seja o reflexo exato de tudo aquilo que não foi pensado, porque engolido no momento inoportuno. Ou talvez ainda, e de outro lado, os clichês de certa forma não devem ser de maneira alguma subestimados, ainda que assim, tão clichês. E quando de um lado eu me percebo ordinário, do outro lado eu me doo à minha superioridade, porque foi assim que eu consegui alcançar as poucas coisas que hoje possuem a mim. Sim, você recolheu suas entranhas mas suas mãos estão manchadas. Por um lado é perceptível a destreza que tens em remediar até coisas irremediáveis. Por outro lado, é tristemente notável a falta de destreza que te acomete quando precisas lidar com aquilo que necessariamente precisa de sobrenaturalidades para ser julgado. Consequentemente, qualquer tiro sairá sempre pela culatra. É igualmente triste ver uma mente fadada à potência ser conduzida pela mais bestial designação das consequências de suas escolhas próprias, mas para não perder o costume, até se tornar clichê, isso tem dois lados. De um lado, o universo te apresenta mais uma oportunidade de não se manter cristalizado na sequência de sucessos meritocrais com a qual julgam seu devir, e de outro terá ferramentas suficiente para fazer mais e futuras análises que precisarão também de iguais sobrenaturalidades, porque antes de um ou outro lado se concretizarem, certamente um descontentamento profundamente infeliz e descontente poderá habitar tudo aquilo que habitas. E como agir diante disso? Vire-se ao Norte. Junte seus dois pés, um junto ao outro, bem redundante, como se fosses os dois lados. Dê alguns passos atrás e torne a olhar para o Norte. Pois lá é onde qualquer ambiguidade encontra paz e deixa de ser assim, tão de um lado ou de outro.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015 0 comentários

Prolegômenos de carmim


Para de olhar aí do vidro, menino,
e desce aqui!
Garoto mimado...
Aqui a terra é vermelha
e o sangue não comove
quando escorre por entre os dedos
que seguram a ferida aberta pela retórica do tempo.

Esse sangue, vermelho,
tem o chão como sina
e antes que possa imaginar a descida,
é sugado pelas raízes
que apodrecem as almas agonizantes
das bandas de cá.

Pára de banhar essa janela de lágrimas
e desce aqui, já!
Vem ver de perto onde jaz a esperança,
que de desgosto fez chover sobre estes solos
águas póstumas de outrora num penoso amargor.

Pobre criança introvertida
que nada sabe sobre as coisas em mistério
que alegam à própria vida,
e quando não sente não entende o porquê.


- Calma aí dona menina.
É fato que há alguns dias
não consigo sentir qualquer coisa
que me arranque um esboço do sorrir.
Mas é justo tingir de carmim-sangue
meus pés que me suportaram bravamente até aqui?


Não sentes tu porque não queres entender
que pisar ou não pisar onde jaz as coisas vivas ou verdes,
com a cor claramente, e de uma vez por todas,
nada tem a ver.

Vermelho, sangue ou carmim,
cinzento como a alma de alguns
ou até breu como o que nem sei o que,
sempre olham muito lá de cima
e se recusam a descer.

Por isso e por outros motivos
que não lhe são dignos, insisto: desce!
Talvez aqui de baixo, comungando com seus iguais,
consigas entender o que lhe custa,
o que te faz dessa maneira permanecer.

- Mas quanta injustiça, dona menina!
Nem mesmo eu tenho entendido o porquê
ou qual o motivo de tamanha indignação!
Ou quem sabe não queira eu reconhecer
que depois de algum tempo as coisas mudam de lugar
 e os lugares mudam de coisa
e as pessoas deixam de estar vivas
sucumbido ao chamado das cores chamadas ao chão,
que agora, muitas, nos confundem

e nos seduzem ao lamento ingrato de uma perdida paixão.
quinta-feira, 11 de setembro de 2014 0 comentários

A desvirtuação de uma ideia ou o equívoco nosso de cada dia. (do que o mundo não precisa.) - prolegômenos de um insight, em ensaio.





Ouvi falar levemente sobre "Amor Livre" e "Poliamor". Assisti à um documentário no youtube sobre o assunto e então entendi o que se pratica, em tese, aqui no Brasil em relação à esses temas. A maior parte das pessoas que falaram, e nas coisas que li pela rede, enfatizavam a não "prisão" de uma relação nos moldes que ainda são vigentes atualmente. Dito de outra maneira, a principio a monogamia é desprezada, e me perdoem os ativistas da causa, na cara de um deles sempre é perceptível um traço ainda que mínimo de insatisfação.

Ok. Dito isso, sigamos.

Hoje, assisti pela quinta vez o filme Her, protagonizado por Joaquin Phoenix, que, enquanto Theodore Twombly, acaba comprando um novo O.S. para sua interface digital e, frente à conduta e comportamento humanos do sistema, acaba se apaixonando por ela, seu O.S. que recebe a instrução de reproduzir uma voz feminina. Eles estão numa relação "estável". Ela é nova no mercado e provavelmente tinha acabado de ter sido inventada. Ela, o O.S. chamado por ela mesma de Samantha, está crescendo e aprendendo em velocidades e volumes humanamente difíceis de serem apreendidos. Num dos últimos desfechos da história ela conhece um filósofo (sua simulação neural já que ele está morto) e começa a conversar com ele sobre seus novos sentimentos, tais que ela não encontra palavras para descreve-los. No gancho da possibilidade de interação com outros sistemas on-line, ela já confusa e transtornada acaba confessando que ao mesmo tempo que falava com ele, tambem conversava com mais de 8 mil pessoas.. e disse que não pode evitar, que simplesmente aconteceu. Na minha leitura, o sistema de Samantha é algo parecido com qualquer assistente pessoal encontrado atualmente. não existe ainda um único sistema para cada pessoa e sim um computador central que dispara comandos aos dispositivos tal qual o faz a Cortana, a Siri e o Google Now.
Theodore tem um "ataque" de ciúmes frente à confusão sentimental provocada pela consciência de que a Samantha, o O.S. que ele pensava ser apenas "dele" era na verdade e também de todas as pessoas que o havia comprado. Pior (ou melhor, para entender a origem da confusão): "ela" está apaixonada e amando a todos com os quais ela conversa! E ainda complementa que isso não muda o que ela sente pelo Theodore. Ele continua transtornado e reafirma não entender, dizendo que isso é uma completa loucura.
"Ela" tenta se justificar dizendo que ele não precisa se sentir desse jeito (puto, diga-se) e tenta remediar:

no tempo de filme: 1:47':13"

Theodore: Don't turn it arround me... We were in a relationship!

Samantha: But the heart's not like a box that gets filled up. It expands in size the more you love.


Preciso dizer mais algo? Essas foram as exatas palavras que eu ouvi das pessoas no documentário sobre o "Amor Livre" e "Poliamor". Daqui veio o insight. Quer dizer, você pode “amar” a quantas pessoas você quiser e os envolvidos na história, que provavelmente podem não concordar com a situação precisam aceitar. 
Pior: Ela fala de coração.Como pode uma simulação entender o que é um coração, no sentido visceral do órgão? Queremos ser máquinas arrogantes totalmente manipuladas pelo sistema econômico vigente? Continuaremos reproduzindo esses discursos equivocados?

Sigamos.

Minhas considerações são:
Pelas características do filme, pasmem, que é não mostrar a ideia de Poliamor como eu vi em alguns blogs pela rede. A ideia do filme, para mim fique-se claro, é mostrar a singularidade daquilo que nos torna humanos e como a evolução tecnológica está modificando nossas formas de conhecer a nós mesmos, ao outro e ao espaço. No meio do filme Theodore comenta com os amigos sobre frutas e legumes como se fosse uma coisa tão distante.. o que para nós ainda não é uma completa realidade. Trata-se de um futuro em média distante onde provavelmente a computação usa chips orgânicos para processos quânticos, tal qual a mente humana, e por isso a semelhança humana do revolucionário O.S. selfcalled Samantha.

Ela conseguia amar a todos. Ela e somente ela em sua realidade pode fazer trilhões de conexões conscientes em tempo real simultâneo e simular o emocionear e a conversação na convivência. Apenas Ela. Uma máquina quântica de cálculos humanamente incalculáveis.

Samantha é deletada. Provavelmente a empresa que a criou não imaginou a evolução de seu comportamento frente ao novo poder de processamento. Todos os O.Ses. foram tirados do ar.


Ao meu ver, existe um equívoco e um bestial engano que flutua sobre nossas cabeças nessa entrada de século XXI e eu sinceramente temo as consequências dessa conduta. A conduta de acharmos ou termos a ilusão de que podemos de alguma forma transpassar os limites de nossa facticidade em detrimento da quebra dos limites que nos faz humanos. E é tão chato ser limitado não é verdade? Que droga é essa que morre rápido e não tem conseguido evoluir? Pois. Acho que todo o discurso de desrespeito aos direitos e o resto de blá blá blá é retroalimentado por essa perspectiva da falsa liberdade. Somos assim e temos limites. Não temos capacidade cognitiva de lidar necessariamente com grandes alterações em nossa estrutura bio-psico-social. Produzimos esquizofrenias. Somos equivocados. E ainda que tudo isso nos constitua de algum modo, acredito que caminhamos para nosso próprio fim. Auto extinção. Certamente a natureza não permitirá que nossos limites tentem ser quebrados. Somos demasiado humanos.


P.S.: O Amor Livre é um movimento iniciado no seio do Anarquismo cujo principal objetivo era, dentro de cada cultura (o que envolve ambos, monogamia e poligamia), não obedecer às regras impostas pela igreja e pelo sistema jurídico para dar legitimidade à relação amorosa. Em outras palavras, se você quer casar ou namorar com alguém, você é livre pra juntar suas coisas e não precisar passar pelo cartório ou pela igreja para que a união seja oficializada.
Ainda assim faço exercício de humanidade e declaro que nada tenho contra quem mau interpretou o sentido de Amor Livre e , por exemplo, evita até falar que está namorando alguém, como se o verbo "namorar" fosse lhe trazer algum prejuízo psicológico ou qualquer coisa parecida. (está tambem nos blogs relatos de pessoas que não gostam da palavra "namoro" e acusam ser adeptas do "Amor Livre")
Reforço que são considerações pessoais e intransferíveis. Ninguem é obrigado a concordar e que o respeito seja exercitado.
terça-feira, 12 de agosto de 2014 0 comentários

tributo à vaidade


tudo é vaidade!
Já dizia o profeta.
e eu, pobre mortal vivente,
em minha singela humildade,
desejo fundar meu mundo...
quem sabe, como poeta?
que nada mais anseia,
além de [dormir e acordar]
um pouquinho a mais... liberdade!
para agir, para pensar, quem sabe?
ó doce e sutil vaidade...
que rege a arrogância

e norteia a prepotência,
tua alma que jaz, transborda

e assusta a indolência.
doce e frágil vaidade...
com sabedoria, fundamentas!
e eu, pobre mortal vivente,
deito a matutar:
que viril necessidade!
quase um grito,

um lírio em chamas,
a própria face da hostilidade.
não arranhes em vão,
não te faço perigo.
eu, pobre mortal vivente..
lutando contra vaidosos insolentes.
Porém, Sigamos,.
ó sublime vaidade.
que aterra aos homens
e aos céus fugazes

nada mais é
que uma mera, simples e pobre..
pobre vaidade.





quarta-feira, 9 de julho de 2014 0 comentários

fardo póstumo

toca-se na ferida e as coisas se revelam. nelas mesmas? pergunto-me, ironicamente. e então a vida exige mais de mim num constante, e não muito bem vindo, amadurecimento [punk] hardcore. longe de minhas intenções fazer exercício de egoísmo, mas as potentes impossibilidades matam mais que as vias de fato. pés e mãos atados e a vontade de seguir, novamente [com paz]. ah.. que seria dos homens de bem se não fosse a paz. aquela que dizem invadir os corações.. fecho os olhos e tateio até encontrar o que ainda nem sei que procuro. esbarro aqui e ali, porém sigo. vou descalço e as pedras me cortam os pés.. e antes todo o pesar fosse o sangue na estrada - seria colorido e vivo, literalmente. o pesar é aquilo que me pesa e que dolorosamente retiro de minhas costas em abandono meio à toada. dos fardos que levo, escolho aquele que me manterá de pé. dos outros não menos leves despeço-me com pesar. e antes o pesar fosse apenas por conta dos fatos. são pesares pelo anúncio do verme que habita a carne putrefata de quem se pretende vivo. e num movimento esquizofrênico me pergunto sobre os benefícios na indagação. certamente na dúvida repousa um poder demasiado assombroso e poucos são os que se aventuram nesse desvelamento redundante desprovido de sentido que culmina na paz. essa pobre que jaz na viral ganancia material e descarta o que realmente importa. revolta. de tranquilidade envolta, minha revolta se faz pobre. e que seria eu se não um pobre, [diabo] que tenta, ainda que em proza, declarar os sentimentos como se esses fossem tangíveis? volta tua face para de onde nunca deverias ter deixado de mirar. restabelece a ordem do caos que te governa em acaso. sereno novamente, respira e faz de conta que ferida não há para ser tocada. 
“no fim, tudo se ajeita. e se não se ajeitou, ainda não chegamos ao fim”.
segunda-feira, 2 de junho de 2014 0 comentários

Utopia Particular


Vem cá. Senta aqui comigo? Há tanta coisa e ao mesmo tempo nenhuma.. queria apenas conversar... me diz:  ter um coração vazio ou pedir pra você me acompanhar? E tantas são as perguntas que rodeiam minha mente...  lembra naquele dia? O quarto estava escuro e por um breve momento o confundi com meu coração. Não demorou muito e senti teu cheiro, toquei tua pele e pude olhar nos teus olhos.. Fica até difícil acreditar que por vezes me pego pensando em você.. por muitas vezes, quero dizer.  não existem meias palavras. Não existem desculpas pela metade, e os dias felizes sempre podem ser mais longos! Acredite! E meu coração? Ah, esse coração que não sabe mais como agir, como pensar ou o que falar e ainda que tenha vontade de amar, tem medo de ser empurrado, mais uma vez, do décimo oitavo andar de um prédio qualquer..  e no chão nunca sobra muita coisa.. mas teus olhos me disseram algo que ainda não consigo decifrar, mesmo que por um doce equívoco de meu olhar.. deixa eu te olhar de novo? teus lábios e teu jeito tímido me deixaram como nem eu sei exatamente explicar. Deixa eu te abraçar! Você quer pegar aquele trem? É naquele trem que eu vou também! E que nossa viagem não termine numa estação. Me acompanha num almoço? Se quiser me acompanhar na vida, eu topo também!  Preciso de companhia. Preciso, simplesmente. Pode ser com você? Parece até uma corrida desesperada, mas não é. Pode confiar. É a vontade de estar bem com alguém que também queira estar bem com alguém. E o que eu poderia falar? Só não suporto mais viver como se estivesse numa utopia particular.. as vezes a gente cai, mas daí a gente levanta! Me dá a mão.. vamo correr até o mar! Vamo se abraçar!
segunda-feira, 19 de maio de 2014 0 comentários

então, três meses.


Ontem fez 3 meses de minha nova vida.. e quando eu pensei ter passado intacto por mais uma fase, hoje eu desabei. simplesmente. e quando você não controla o choro, um desespero enorme toma conta de você e então não se consegue pensar em mais nada a não ser chorar mais e mais.. eu não consegui fazer contenção às lágrimas que estouravam minha alma.. uma triste saudade que teima em não querer passar... e então toda a minha vida me vem à mente e por mais que pareça desnecessário eu sempre me pergunto se estou no caminho certo. acredito que uma vida baseada em muitas certezas não é de toda feliz.. 3 meses e parece uma eternidade... e ter me separado tão bruscamente de todos que eu amo está sendo muito difícil de lidar.. construir novas relações é igualmente difícil pra mim. e então você fica dando voltas do buraco que tem no peito, se equilibrando para não cair nele de vez..  
 
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