sexta-feira, 29 de março de 2013

lembranças estáticas




Olho tua foto e minha mente viaja aos dias em que fui apaixonado por você. E esse pronome solitário, num “bloco do eu sozinho”, escarnece da pureza de meus sentimentos pela imundície da realidade à que somos impostos. E quando olho tua foto na verdade olho para dentro de mim mesmo à procura do resto de razão que ficou no fundo da taça outrora soberba disso que ousei chamar de vontade de amar. E tudo não passou de uma vontade, na verdade, que pensou ter morrido e agora vaga nos campos secos que habitam em mim. E o quanto é difícil administrar, eu disse. E todas as coisas que fizemos juntos em tão pouco tempo permanecerão em mim não sei exatamente como pois a cada minuto algo de mim se vai para dar lugar a esse algo de você que nem eu sei exatamente o porquê ainda está aqui. Vai ver é o jeito, vai ver é o corpo, vai ver é minha teimosia. Ou ainda quem sabe apenas uma música que não cansa de ser repetida. Da vontade só ficou a lembrança que se torna vontade de novo numa triste ciranda. Enquanto eu vou querendo entender eu vou querendo você mesmo sem querer. E toda vez que olho qualquer foto, no fundo nem sei para onde estou olhando, pois te vejo e não posso te ver pela impossibilidade de te ter. e todo esse discurso absurdamente apaixonado que outrora não seria proferido se não fosse essa foto. Não essa, mas essa, quer dizer, qualquer foto que te arranque o rosto de onde eu coloquei. Sim, a culpa é minha por ter ousado desejar te amar. E por tantas outras coisas sou culpado que nem sei. Enquanto isso vou vivendo meu cotidiano e vez ou outra, quem sabe, olhar uma foto.

0 comentários:

Postar um comentário

 
;