Olho
tua foto e minha mente viaja aos dias em que fui apaixonado por você. E esse pronome
solitário, num “bloco do eu sozinho”, escarnece da pureza de meus sentimentos
pela imundície da realidade à que somos impostos. E quando olho tua foto na
verdade olho para dentro de mim mesmo à procura do resto de razão que ficou no
fundo da taça outrora soberba disso que ousei chamar de vontade de amar. E tudo
não passou de uma vontade, na verdade, que pensou ter morrido e agora vaga nos
campos secos que habitam em mim. E o quanto é difícil administrar, eu disse. E todas
as coisas que fizemos juntos em tão pouco tempo permanecerão em mim não sei
exatamente como pois a cada minuto algo de mim se vai para dar lugar a esse
algo de você que nem eu sei exatamente o porquê ainda está aqui. Vai ver é o
jeito, vai ver é o corpo, vai ver é minha teimosia. Ou ainda quem sabe apenas
uma música que não cansa de ser repetida. Da vontade só ficou a lembrança que
se torna vontade de novo numa triste ciranda. Enquanto eu vou querendo entender
eu vou querendo você mesmo sem querer. E toda vez que olho qualquer foto, no
fundo nem sei para onde estou olhando, pois te vejo e não posso te ver pela
impossibilidade de te ter. e todo esse discurso absurdamente apaixonado que
outrora não seria proferido se não fosse essa foto. Não essa, mas essa, quer
dizer, qualquer foto que te arranque o rosto de onde eu coloquei. Sim, a culpa
é minha por ter ousado desejar te amar. E por tantas outras coisas sou culpado
que nem sei. Enquanto isso vou vivendo meu cotidiano e vez ou outra, quem sabe,
olhar uma foto.
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